Quando RoboCop: Rogue City foi disponibilizado para assinantes da Plus, tive a oportunidade de conhecer um jogo que há muito tempo só havia escutado elogios. Fiquei impressionada com a qualidade do game seja na ambientação de Detroit que trazia a mesma sensação dos filmes, quanto com a história que se conectava diretamente aos dois primeiros blockbusters. Rogue City me conquistou pela sua trama mais centrada nas questões da humanidade de RoboCop junto de uma gameplay simples e objetiva. Unfinished Business vem para agregar ainda mais neste universo.
RoboCop: Rogue City – Unfinished Business é um standalone, ou seja, um game que pode ser jogado independente do seu título principal e oferece história e mecânicas próprias. Como bons exemplos, podemos citar Infamous First Light e Uncharted The Lost Legacy. Dessa forma, caso você ainda não tenha jogado Rogue City, não terá problemas caso opte por começar por este.
Passando-se diretamente após os eventos de Rogue City, depois que mercenários invadem a estação de polícia em que RoboCop atua e roubam uma valiosa tecnologia da OCP, o policial meio homem, meio máquina deverá ir em busca desses criminosos que também tomaram a OmniTower, um lugar criado com o propósito de ser a nova moradia dos habitantes da Velha Detroit, mas que esconde uma realidade muito mais sombria.
Se você, assim como eu, conhece o universo de RoboCop com certeza ficará muito satisfeito com a história do game. Os roteiristas foram extremamente cuidadosos e além de respeitarem toda a lore criada pelos filmes, conseguiram agregar ainda mais conteúdo com a narrativa aqui trabalhada. A trama de Unfinished Business é digna das produções das telonas e traz algumas camadas extras tanto para o personagem Alex Murphy como para a origem do programa RoboCop em si.
Sendo uma sequência standalone, Unfinished Business mantém a mesma estrutura de Rogue City. Uma gameplay bastante linear composta por uma série de missões que envolvem investigar e coletar pistas, enquanto derrota centenas de inimigos pelo caminho. Entretanto, tendo saído diretamente do jogo principal e já engatado neste, senti que a dificuldade do game estava um pouco acima do esperado para os padrões normais de início de jogo. Isso ocorre em grande parte devido aos inimigos serem os mesmos da reta final de Rogue City, por isso a sensação da dificuldade inicial de Unfinished Business ser a mesma do final do título principal. Porém as novas adições tentam trazer um pouco mais de equilíbrio e conseguem. Pouco tempo depois de chegarmos em OmniTower somos introduzidos à nova mecânica de finalizações. Pressionar R1 em direção a qualquer inimigo que esteja próximo de objetos com marcações amarelas irá executar uma finalização eliminando-o por completo, independente de ser um soldado raso ou pesado e fortemente armado.
RoboCop também conta com uma série de habilidades que não serão novidades para os já familiarizados com Rogue City – barreira protetora, soco com a capacidade de stunar inimigos, botão de impulso e a possibilidade de fazer uso de superfícies metálicas para ricochetear balas em diferentes ângulos, o que ajuda e muito nos momentos de combate em que os inimigos ficam escondidos atrás de caixas e outros objetos. Munido da sua fiel pistola Auto-9, RoboCop pode fazer uso dos circuitos de melhoria que consiste em acoplar chips capazes de aumentar pente de balas, dano da arma, velocidade de carregamento elevando e muito o poder da sua arma. Porém é necessário estratégia para manusear esses circuitos, pois da mesma maneira que podem te ajudar, também podem prejudicar. Se bem utilizados conseguem transformar nosso personagem em uma verdadeira máquina de combate quase imparável. Além dela, RoboCop também pode fazer uso de qualquer outra arma – e temos algumas novas adições congelantes-, mas que não são afetadas pelos circuitos.
O sistema de habilidades também está de volta onde todas as nossas ações geram experiência e com ela podemos adquirir upgrades como níveis de engenharia que possibilitam abrir qualquer cofre, vida que se regenera até uma certa porcentagem, melhorias de acerto crítico, entre outros. Diferente do seu antecessor que contava com a mecânica de escolhas modificando pequenos pontos da história, aqui o peso das nossas respostas não afeta como os eventos irão se desenrolar e só estão ali para garantir um troféu ou ganhar alguns pontos de experiência a mais. Uma outra maneira de consegui-los é através das missões secundárias. No título principal contávamos com áreas semiabertas onde podíamos encontrá-las e além de contribuírem para a evolução do nosso personagem, suas histórias eram, na grande maioria, interessantes e mais bem desenvolvidas. Já em Unfinished Business, devido ao seu escopo mais contido, essas áreas foram substituídas por pequenos hubs, onde ainda é possível completar sidequests só que dessa vez muito mais simples – levantar um portão, responder as dúvidas de uma criança, procurar por um bichinho de estimação – ficando claro que estão ali como um recurso adicional para conseguir mais experiência e não agregando para a trama principal.
Um outra novidade no título são os momentos em que jogamos como outros personagens, uma adição que traz um certo frescor e deixa a narrativa ainda mais engajante e coesa. Um exemplo que posso comentar por estar presente até mesmo nos trailers é reviver um dia na pele de Alex Murphy. Ao jogar como o jovem policial a abordagem se torna outra em que precisaremos ser mais cautelosos ao iniciar tiroteios e não teremos as habilidades de RoboCop disponíveis. Cada um dessas sequências são únicas e colaboram não apenas para o desenvolvimento dos personagens em questão como também enriquecem a trama.
Graficamente o game conta com a mesma qualidade de Rogue City, mas sendo desenvolvido na Unreal Engine 5, espere por alguns bugs como, por exemplo, ao executar uma finalização, apenas a cabeça do inimigo aparecer na animação. São detalhes que, particularmente, não me incomodam e até mesmo são esperados quando falamos dessa engine. Já a trilha sonora merece todos os elogios possíveis. Entrar em uma zona de combate com o tema principal de RoboCop tocando ao fundo é, de fato, muito prazeroso. Porém desta vez o game conta com algumas outras trilhas tão boas quanto o tema já citado. Uma delas é protagonista de uma das sequências mais divertidas do game. Enquanto outra traz um tom mais sombrio, quase uma melodia sobre alguém em busca de justiça e também vingança.
Mesmo com tantos elogios, durante minhas 15 horas de gameplay acabei me deparando com alguns bugs que nesta altura são um pouco complicados de aceitar. Problemas na sincronia das legendas – novamente o jogo conta com a localização para nossa língua – e quedas constantes de framerate, principalmente em sequências com muitos inimigos na tela. Com a experiência que a Teyon já havia adquirido ao desenvolver o primeiro game, não esperava encontrar tais problemas neste.
São jogos como Rogue City e até o mais recente Indiana Jones que me fazem acreditar que através dos games é possível manter diversas franquias vivas com histórias dignas das telonas. Unfinished Business vem como uma prova ainda maior disso. Um excelente game que faz jus ao universo de RoboCop mantendo sua gameplay consistente com pequenas novas adições e uma história que enriquece, e muito, todo o universo do policial do futuro. Um título que esbanja carinho e respeito pela obra original e mostra que a Teyon está no caminho certo.
RoboCop: Rogue City – Unfinished Business está disponível para PS5, Xbox Series e PC com legendas em português do Brasil. Esta análise é da versão PS5 e foi realizada com um código fornecido pela Nacon.