No Heroes Here 2 é o mais novo jogo independente desenvolvido pelo estúdio paulista Mad Mimic. O título esteve disponível por um período antecipado para PC mas, agora, está oficialmente disponível para os consoles e por um preço bastante acessível na PSN brasileira (e, curiosamente, até mesmo mais barato que o jogo original).
Não espere por uma narrativa ou dinâmica similar aqui. O jogo te arremessa prontamente no topo de um castelo onde as opções do menu principal são apresentadas como itens com os quais você interage no cenário, ao mesmo tempo em que você pode testar as armas já disponíveis ou escolher seu personagem para a próxima partida.
Estruturalmente, No Heroes Here 2 usa uma fundação bastante similar aos extremamente populares jogos da série Overcooked, combinando-a com mecânicas de defesa de torre. Adicione a isso uma pitada de RNG sob a forma de melhorias aleatórias que podem ser adquiridas entre uma rodada e outra com as poucas moedas de Gold que você recebe para cada rodada, assim como algumas condições negativas que perdurarão até o final da partida em troca de um bônus adicional de Gold.
Para explicar melhor a similaridade ao jogo dos chefs malucos, considere que cada arma tem uma receita própria para criar sua respectiva munição. Você precisa coletar um recurso, que será infinito em sua fonte geradora no cenário, e ele pode depender de um aquecimento prévio na fornalha e um preparo adicional numa bancada operacional. Com a munição devidamente pronta, você deve então inseri-la na arma e aguardar o momento oportuno para atacar as constantes hordas que chegam ao castelo.
Isso exige dos jogadores uma capacidade para compartimentar e realizar diferentes tarefas simultaneamente. Enquanto deixa um material fervendo na fornalha — cuidando para que não queime —, é pertinente trabalhar paralelamente em outro material na bancada, ficando atento à condicionais extras, como o castelo possivelmente ficando congelado ou equipamentos necessitando de limpeza: ao contrário de Overcooked, aqui tudo fica a mercê da sujidade, que compromete e até mesmo inutiliza equipamentos até que sejam devidamente limpos.
Na parte de defesa, os combates são monótonos e sem muito segredo. Cada disparo atinge uma região específica e, na maior parte dos casos, um disparo é suficiente para limpar aquela parte da onda, desde que você pegue o grupo inimigo no momento certo. Certos inimigos possuem mais vida, sendo necessário uma munição mais forte, que exige um preparo complementar adicional, ou múltiplos disparos. Existem mecânicas adicionais, como desacelerar momentaneamente os inimigos com alterações na composição da receita da munição, cabendo aos jogadores adaptarem a estratégia de defesa como julgarem melhor.
Em sua apresentação, é um jogo bastante simples, tanto na parte gráfica como na sonora, mas funciona bem ao que se propõe. Porém, a trilha sonora em particular acaba tornando-se cansativa tão somente pois o ciclo de gameplay é exageradamente longo: uma simples partida leva cerca de uma hora.
Não bastando o sistema de ondas que devem ser repelidas sistemicamente, uma partida é dividida em um número alto de rodadas. Por padrão, são doze rodadas. Doze rodadas nas quais você fica trabalhando nas mesmas bancadas tentando repelir a invasão. Como citado anteriormente, é possível adquirir melhorias no caminho, como fornalhas mais eficazes ou bancadas automatizadas, mas de forma geral o gameplay muda muito pouco no decorrer dessa hora. É possível reduzir essa jornada para nova rodadas igualmente cansativas, ou expandi-la para quinze, nos parâmetros de dificuldade selecionáveis antes de iniciar uma nova partida.
O apelo do jogo talvez esteja em seu modo cooperativo local, como uma opção para jogar com seus filhos ou sobrinhos no final de semana. Em nossa experiência, porém, observamos duas coisas. Primeiro, o pop-up indicando os comandos para realizar as ações ocupa muito espaço na tela, atrapalhando e confundindo jogadores próximos. E, segundo, na metade de nossa sessão, todos os quatro jogadores apresentavam visíveis sinais de fadiga, operando no “modo automático”, sem esforço ou interesse algum, simplesmente apertando botões e esperando pelo fim da partida que parecia nunca chegar.
O jogo oferece um total de 30 castelos divididos em três níveis de dificuldade, cada qual oferecendo uma formação e pontos de controle únicos. Além disso, são três reinos diferentes, dois dos quais contam com modificadores adicionais próprios: em Trollmeria, você precisa manter tochas acesas para evitar que seus equipamentos congelem; e em Fungaria, cogumelos crescem com o passar do tempo e devem ser podados com frequência para que não atrapalhem seu ritmo de jogo.
Existem diversos personagens e armas extras a serem destravados cumprindo requisitos específicos, como o uso de certas armas ou atendendo a certas exigências nos parâmetros de jogo. Os personagens não possuem características únicas, mudando apenas a roupagem visual, mas cada arma opera com uma combinação de diferentes recursos, permitindo uma leve variedade entre uma partida e outra. Não parece existir uma “arma melhor”, pois, embora mudem as receitas e quantidade de disparos, o tempo de preparo de cada recurso por disparo acaba sendo o mesmo.
Durante o período em que fizemos essa análise, os servidores do jogo estavam offline, então não pudemos conferir os modos online que devem incluir o supracitado cooperativo bem como um modo jogador versus jogador.
No Heroes Here 2 é um jogo desafiador, mas infelizmente não engaja. Fica como uma sugestão apenas para os fãs mais fervorosos do gênero, e mesmo assim é um jogo melhor aproveitado em cooperativo. Ou, talvez, para aqueles jogadores mais entusiastas que desejam apoiar o desenvolvimento de games em território nacional.
No Heroes Here 2 está disponível para PS4, Xbox One, Switch e PC. Esta análise é da versão PS4 e foi realizada com um código fornecido pela Mad Mimic.