Há cerca de um mês, o PSX Brasil foi um dos veículos convidados pela 2K para conferir Borderlands 4 em San Francisco.
Ou seja, fomos até os escritórios da 2K para conferir de perto uma demo jogável de Borderlands 4. Tivemos a oportunidade de jogar cerca de 1h30 de uma parte específica do jogo, enquanto que outros 30 minutos foram de outra parte – e que discutiremos outro dia.
Nessa primeira parte de 1h30 pudemos ver o gameplay padrão da série, mas com todas as novidades que Borderlands 4 está prometendo.
Gameplay do Início
Primeiramente, era possível escolher duas classes: Vex the Siren e Rafa the Exo-Soldier, as mesmas que estavam presentes na apresentação do State of Play. Vale também observar que, como era um jogo em desenvolvimento, jogamos no PC, mas com um controle de Xbox.
Decidi escolher a Siren, pois é justamente a classe que sempre escolhi em todos os Borderlands (quando ela está disponível, é claro). Como a demo começa em um momento que não é exatamente o início (o personagem estava no nível 5) – já temos armas liberadas e alguns poderes.
Logo de cara, a primeira coisa que fiz foi explorar os menus. O menu segue mais ou menos o padrão de Borderlands, sem muito mistério. Seguindo ideias já vistas nos jogos anteriores, Borderlands 4 oferece três Skill Trees logo de cara. Por conta do pouco tempo que tinha para testar o jogo, não fiquei explorando o que cada habilidade fazia, mas você precisa escolher uma habilidade que ficará ativa no L1 e os vários ícones oferecem diferentes perks.
Já as armas estão bem dispostas de quais estão equipadas e o que você possui guardado no seu inventário.
Algo que chama atenção é a customização. Além de poder modificar a cabeça e a cor da roupa do seu Caça-Arcas como nos jogos anteriores, também é possível customizar a sua moto (Digirunner), armas e o ECHO-4 (um robôzinho que o segue e serve como o ECHO de antigamente; na prática é o menu).
De forma geral, os menus continuam intuitivos e repleto de opções para quem deseja personalizar e adaptar o seu Caça-Arcas do seu estilo. Mas vamos falar do gameplay em si.
Para quem jogou algum jogo da série, não tem mistério e não há o que temer: Borderlands 4 ainda é um Borderlands. Loot satisfatório, uma diversidade gigantesca de armas, inimigos insanos e um gameplay bastante simples e viciante.
Como dito, estava jogando com a Siren. O poder do L1 que usei durante o gameplay ativava uma melhoria em Trouble – o tigre fantasmagórico que segue Vex. Mas, como dito, existiam outros poderes interessantes. Trouble funciona como os “minions” dos jogos mais recentes, principalmente Tiny Tina’s Wonderlands. Ou seja, ele segue você o tempo todo e ajuda atacando os inimigos. A diferença é que ele tem uma barra de vida que, se acabar, leva um tempinho até ele reaparecer.
Mais adiante, pude usar uma variação dessa habilidade que fazia Trouble se focar em um único inimigo. A Skill Tree é repleta de habilidades, portanto é preciso muito tempo para ler e entender tudo que podia ser feito – algo que eu não tinha naquele momento, infelizmente.
O Que Consegui Jogar
Até agora, só falei de menus e habilidades, mas o que eu realmente pude jogar? Bem, havia basicamente algumas missões de história e uma paralela.
A missão de história, sinceramente, era difícil prestar atenção no enredo porque, como dito, caímos de para-quedas no meio dele. Mas o importante é que a primeira missão destravou o Digirunner (a moto) e a segunda tinha um chefe no seu final. O vídeo no início deste texto possui todo o gameplay que tive acesso (sim, sou eu jogando).
A história de Borderlands 4 ainda é um pouco nebulosa, mas sabemos que acontece no planeta Kairos. A história gira em torno de um Caça-Arcas (no caso, você) liderando uma resistência contra o Guardião do Tempo e seu exército sintético, a Ordem, enquanto busca por artefatos alienígenas. O planeta foi revelado quando a lua de Pandora, Elpis, foi teletransportada por Lilith no final de Borderlands 3, destruindo a barreira protetora do planeta.
Com essa barreira destruída, muitos habitantes agora desejam deixar Kairos, o que significa que muitas missões do jogo (ou ao menos parece) serão nesse sentido. Pelo menos a de história que tive acesso envolvia um pouco disso.
A missão paralela que tive acesso era no estilo maluco de Borderlands: Claptrap, que para variar está nesse planeta amaldiçoado, quer que você colete alguns itens específicos. Não quero estragar a sua surpresa, mas envolve uma personagem muito popular dos jogos anteriores – caso tenha curiosidade, mais uma vez, veja o gameplay no início do texto.
Após completar essas missões, cheguei ao final da demo e coincidentemente, ao tempo previsto de gameplay. A parte seguinte, que foi bem desafiadora, será discutida posteriormente.
Novidades no Gameplay de Borderlands 4
Borderlands 4 possui muitas novidades. No início, você sente que é apenas uma ou outra coisa, mas conforme fui anotando para escrever neste preview, acabei ficando até assustado de lembrar que é tudo o que está listado abaixo, pois está implementado de forma natural no gameplay:
Pulo Duplo e “Planador”
Não é bem um “planador”, mas é a melhor palavra que o define. Bom, pulo duplo dispensa comentários, é literalmente a opção de pular de novo no ar. Já o “Planador” é o seguinte: após pular (acredito que somente após o segundo pulo), você deve segurar o botão e o seu personagem ficará “planando” até onde você deseja ir. Uma barra cinza aparece na tela indicando o quanto você pode planar. É possível aprimorar esse tempo da barra.
Gancho
Uma outra habilidade que serve para diversas funcionalidades é o Gancho. Pressionando R3, você usa o gancho principalmente para se locomover. Em lugares específicos do mapa haverá um ícone e é possível atirar o gancho naquela direção. Ao fazer isso, seu personagem é puxado para aquela direção e pode manter o momento para alcançar outro ponto. Ou simplesmente chegar naquele local desejado onde estava o ponto.
O gancho também pode ser usado para pegar itens, como barris explosivos, e lançá-los nos inimigos. E, na demo que jogamos, o gancho podia ser usado para mover paineis (e solucionar um puzzle).
Escalada
Outra novidade ainda relacionada ao movimento é a “escalada”. Agora há pontos do mapa que você consegue subir escalando. Se você jogou DOOM Eternal ou DOOM: The Dark Ages, é uma ideia similar.
Nadar
Parece estranho, mas nenhum Borderlands até o momento havia mergulhos ou partes com água. É claro, tinha água, mas você só andava nela por ser algo raso. Borderlands 4 mudará isso, trazendo a possibilidade de nadar.
Na nossa demo não havia um mergulho propriamente dito. Você podia nadar e se caísse de uma altura (como o próprio pulo) afundava, mas logo subia à superfície normalmente. Ou seja, é uma natação apenas superficial (literalmente). É cedo dizer, porém, se haverá partes subaquáticas, por exemplo. Mas a possibilidade está lá.
Digirunner (Moto)
Talvez a principal novidade do jogo é a Digirunner. Após destravá-la, você pode usá-la em qualquer parte do mapa praticamente e de forma instantânea. Apertando uma direção do D-Pad, a Digirunner é ativada e você já parte em alta velocidade.
Haverá upgrades para a sua Digirunner e ela também pode ser usada em combate, apesar de na nossa demo ela ter um poder de fogo bem fraco, sinceramente (uma metralhadora básica). Talvez mais para frente fique melhor.
É importante ressaltar que, com a chegada da Digirunner, o “Catch a Ride” foi eliminado. Não existe outro tipo de veículo além da Digirunner.
Sistema de Cura
Outra mudança em Borderlands 4 é como você cura a sua vida. O escudo ainda recupera automaticamente após você não tomar dano, mas a vida só é recuperada com itens (ou perks da Skill Tree provavelmente devem oferecer opções alternativas, como sempre acontece). Porém, tais itens agora são muito mais escassos.
Anteriormente, a cura estava quase em todo lugar em Borderlands. Agora, além dela não existir mais em baús, você só recebe itens de cura ao eliminar inimigos.
Mas existe uma nova mecânica que agora substitui a abundância de vida que existia nos baús: a cura com o D-Pad para a esquerda. Se você apertar, o seu Caça-Arca usará um kit médico que está equipado. Após usá-lo, ele não é um “item de quantidade”, mas sim de “cooldown” (esfriamento).
Ou seja, a sua vida agora funciona como o “escudo”, basicamente. É preciso usar o kit que está equipado para recuperar a vida e, ao fazer isso, o kit restaurará a vida que ele é definido para fazer – além de fornecer possíveis perks, como causar mais dano nos inimigos nos próximos segundos. Ou seja, muito similar ao escudo, que também possui efeitos passivos. Depois que o efeito de cooldown passar, é possível usá-lo novamente, sem problemas.
Como você pode imaginar, o kit é outro item que estará disponível nos loots dos inimigos, portanto é preciso ficar de olho no que cai deles e comparar com o que você tem equipado.
ECHO-4
O ECHO é basicamente um “tablet” que os Caça-Arcas usavam nos jogos anteriores e fornecia acesso ao menu do inventário, Skill Trees, etc. Agora, ao invés de um tablet, temos um pequeno robô que acompanha o jogador. Na prática, não muda muita coisa, ele ainda serve para mostrar o inventário e durante alguns momentos da história pode scanear (como o Digirunner) para destravar coisas. É possível customizá-lo também.
Mas algo que o ECHO-4 se destaca é a possibilidade de marcar o caminho no mapa. Ele não só apenas marca o ponto final, mas também o caminho ideal até ele.
É uma mecânica que “segura a mão” do jogador, mas você não é obrigado a utilizá-la.
Eventos Aleatórios
Algo que os desenvolvedores prometeram em uma apresentação antes da nossa sessão de gameplay é que Borderlands 4 terá muitos eventos aleatórios. Ou seja, você está fazendo a missão e, do nada, algo chama a sua atenção e resolve ir lá conferir.
No meu gameplay surgiu uma nave gigantesca. Ao subir nela, havia uma espécie de desafio cronometrado – quantos mais inimigos eu matava, maior a minha pontuação. É difícil entender o que ganha se tiver ranks melhores, mas com certeza deverá ser um desafio que os jogadores vão tentar boas pontuações ao encontrar essa nave.
Fabricantes de Armas e Customização
Um ponto que os desenvolvedores estão focando bastante para Borderlands 4 é a possibilidade de você customizar as suas armas com diferentes fabricantes (como Jakobs, Maliwan e Vladof). Além disso, usar armas de fabricantes específicas aumenta a fidelidade dela ao que tudo indica.
Infelizmente, em nossa sessão não havia essa mecânica disponível (ou não encontrei), portanto não sei dizer se isso funciona muito bem ou não. Em nossos testes só havia as armas já presentes no inventário e as que podíamos “lootear” dos inimigos, mas nada além disso. Ou, de novo, não achei no menu a opção, pois como dito, em 1h30 não dá para ver realmente tudo que havia naquele menu gigantesco.
Conclusão
No fim, Borderlands 4 está, sinceramente, sensacional. Gosto muito dos jogos da série e o título está muito bom pelo pouco que pude jogar.
Mesmo sendo uma demonstração curta e single-player, é fácil notar que o potencial existe e tem tudo para agradar veteranos e trazer novos jogadores também.
Todos os sistemas de locomoção mencionados acima funcionam muito bem e deixam o jogo muito dinâmico. É incrível como que tudo flui naturalmente, como se já exitisse na série antes e nem se percebia.
Além disso, como há toda essa locomoção deixando o jogo mais rápido e dinâmico, o mapa é muito mais vasto e sem loadings. Isso também ajuda muito na imersão.
Nem tudo são flores, porém. O D-Pad possui agora muitas funções (Digirunner, kit médico, função de arma, etc) e pode ser confuso no início. Muitas vezes usei o kit médico quando queria ativar o Digirunner e vice-versa.
E por conta do Digirunner ser o único veículo, será bastante triste não ter outras opções, principalmente para andar com os amigos (mesmo que pouco utilizado pela série, era bem bacana um dirigir e o outro atirar, por exemplo). Agora é cada um em seu barco sua moto.
Entrevista com o Diretor Criativo
Após jogarmos, tivemos a oportunidade de conversar com Graeme Timmins, diretor criativo de Borderlands 4.
Cosméticos
No início da conversa, questionei Timmins se teremos muitas opções de cosméticos. Ele respondeu que devemos esperar que sim, mas que segue a lógica dos Borderlands anteriores. Além disso, os cosméticos não serão mais um loot aleatório no mapa como nos anteriores, mas sim como recompensa de uma missão, por exemplo.
Crossovers
Tentei entrar no assunto de crossovers, mas Timmins foi bem evasivo. Apenas a resposta padrão de que analisam caso a caso e que devem acabar ficando apenas no universo de Borderlands mesmo.
Expansões
Na ocasião da entrevista, ainda não sabíamos o preço de Borderlands 4 e nem os planos pós-lançamento. Isso mudou nesta semana com o anúncio do preço e dos DLCs (saiba mais). Quando estava no evento, questionei se podíamos esperar o sistema convencional de expansões que a série viu até hoje. Timmins confirmou que sim, “é provável”. E agora sabemos que é algo certo.
Caça-Arcas Antigos Jogáveis
Todo Borderlands, quando lançado, apresenta novos personagens jogáveis. Questionei se não era possível trazer um de algum título anterior, nem que seja via DLC. Timmins respondeu que a Gearbox tem como missão sempre oferecer novas classes em todos os Borderlands, mas que é improvável eles trazerem alguma classe anterior. No entanto, sempre as veremos na história, como tem acontecido.
Limite de Nível
Questionei se o limite de nível será 50 como é mais ou menos o padrão e Timmins respondeu que ainda estão ajustando isso, mas é provável que seja.
Eridium
Durante o meu gameplay, vi que existia o Eridium no jogo. É basicamente um item que você usa para comprar armas e cosméticos nos outros Borderlands. Questionei se a função será a mesma e Timmins respondeu que é um item do endgame e que a Gearbox falará mais sobre isso no futuro.
“Memes”
Borderlands 3 foi criticado por usar muitos “memes” e outras piadas do tipo. Tanto Timmins quanto a equipe deixaram claro que o humor de Borderlands 4 será muito mais focado para o próprio universo da série e espera trazer momentos marcantes como a clássica quest de Borderlands 2 onde você deve apenas atirar um NPC na cara (e ele agradece por isso).
Borderlands 4 será lançado em 12 de setembro para PS5, Xbox Series e PC. A versão de Switch 2 chega mais tarde.
O PSX Brasil agradece imensamente o convite da 2K Games.