Análises

Onimusha 2: Samurai’s Destiny Remastered – Review

Rejogar um título da série Onimusha é, inconfundivelmente, uma sensação um pouco anacrônica. Mesmo quando se considera toda a importância história de Onimusha: Warlords e Onimusha 3: Demon Siege dentro da biblioteca do PS2, retornar para um título como esse em pleno 2025 traz consigo um sentimento estranho. Muito graças ao quanto, mesmo com todas as melhorias que se espera de um remaster, o título ainda seja um claro fruto do seu tempo.

Pelo menos é isso que se sente ao jogar Onimusha 2: Samurai’s Destiny Remastered. A jornada do jovem samurai Jubei Yagyu, líder do seu próprio clã, é um jogo que mesmo quando foi lançado era um título em processo de transição. Um ótimo jogo de Ação e Aventura que carregava consigo tanto alguns dos resquícios das várias tentativas de se criar um Resident Evil 4, incluindo seus controles de tanque originais e mundo separado em “salas”.

Por outro lado, já é um jogo que vem com um interesse muito maior em contar uma história significativa ao jogador, fugindo do quase puro gameplay do primeiro título, mas ainda sem a abordagem mais “blockbuster” americano que nortearia Onimusha 3. Permitindo assim com que o jogo brinque com importantes elementos do folclore japonês, trazendo leves sabores de terror para o título, mas sem perder seu foco em ação.

Onimusha 2 Samurai's Destiny

A ideia por trás da remasterização de Onimusha 2: Samurai’s Destiny Remastered não é apenas simplesmente portar o original para plataformas modernas. Ele chega com a ambiciosa proposta de revitalizar um clássico da era 128-bits, apresentando-o com um brilho renovado e otimizado para as duas últimas gerações com uma série de importantes melhorias gráficas e técnicas para dar mais “qualidade de vida” aos jogadores.

Um dos aspectos que prende o jogador é a evolução narrativa em relação ao primeiro título. O Onimusha original já prendia a atenção com uma premissa interessante mas não tão elaborada assim. Já Samurai’s Destiny eleva esse nível, tecendo uma trama significativamente mais profunda e ramificada. A espinha dorsal da história é a busca do protagonista Jubei Yagiu por vingança contra as forças nefastas de Oda Nobunaga (vilão recorrente da série), que devastaram a vila e o clã do protagonista.

Cabe apontar aqui que, embora o jogo sabiamente se distancia um pouco dos elementos de “terror” mais proeminentes no primeiro título, as forças de Nobunaga ainda são grotescas criaturas demoníacas, incluindo desde soldados zumbis que povoam as várias telas do jogo até um vasto volume de onis deformados como chefes, geralmente na forma de animais antropomorfizados ou humanos fundidos com animais. Mesmo com a proeminência dessas criaturas, a narrativa acaba se focando mais no drama humano e é nisso que ela brilha.

Onimusha 2 Samurai's Destiny

Dentro de um Japão dividido, marcado por conflito e desolação, Jubei estabelece conexões inesperadas e significativas com um elenco de personagens secundários muito interessantes. Cada um desses indivíduos não é apenas um coadjuvante; eles desempenham papéis cruciais no desenrolar da narrativa, adicionando camadas de complexidade e emoção. É através desses personagens que Jubei vai conseguindo ter a visão das diferentes pessoas que estão sendo afetadas pela destruição deixada por Nobunaga, muito além do que só o seu desejo (quase) cego por vingança.

Em não sendo um jogo exatamente muito longo, o desenvolvimento dos personagens é um pouco restrito, mas é fascinante testemunhar como Jubei, com seu jeito peculiar, consegue não apenas entrelaçar esses personagens em sua própria busca por vingança, mas também descobrir que eles carregam suas próprias motivações e histórias para se juntarem à luta contra o exército de demônios. A fundação para o desenvolvimento desses relacionamentos e a exploração de seus arcos individuais é um dos grandes trunfos deste remaster e que elevam o jogo a um nível muito especial.

Cabe apontar que, mesmo dentro da sua já mencionada curta duração, o título consegue entregar uma jornada bem amarrada. Você sairá daqui bem satisfeito tanto com a jornada de Jubei quanto de seus aliados, ainda que algumas das suas limitações narrativas sejam fruto da sua época. Não espere daqui nada grandioso ou genial e você irá gostar do que ele te oferece, sendo o tipo de título que respeita o tempo do jogador sem precisar se alongar demais para alcançar uma certa cota de duração.

Onimusha 2 Samurai's Destiny

No que tange à exploração dos ambientes e à movimentação, o remaster preserva a estrutura de câmeras fixas, um elemento que define a atmosfera e o charme visual dos jogos da Capcom desse período. Essa escolha de design nos permite apreciar os cenários bem detalhados, que agora brilham em graças à resolução em alta definição e aos fundos de cenário remasterizados, tornando cada tela uma verdadeira obra de arte digital.

Uma bem-vinda melhoria reside na liberdade de movimento: abandonando os controles mais “tanque” vistos em títulos como os primeiros Resident Evil ou até mesmo no Onimusha original, o jogador agora pode se mover livremente em qualquer direção com o analógico. Embora a movimentação ainda possa parecer um pouco rígida em comparação com jogos modernos, essa leve limitação é um sacrifício mínimo diante da fluidez geral e, principalmente, do impacto visual dos cenários aprimorados que o remaster entrega. O ponto negativo disso fica pelo fato de que, especialmente nas partes mais limítrofes das telas, é bem fácil trocar de tela sem querer e gerar um desnecessário respawn de inimigos.

O sistema de combate é, sem dúvida, um dos grandes triunfos deste remaster (e do jogo original como um todo), trazendo uma bem-vinda fluidez que o torna mais divertido de jogar. Ele evita a armadilha de se tornar um mero “esmaga botões”, oferecendo um certo dinamismo graças aos diferentes combos disponíveis e as habilidades especiais acessíveis através da combinação entre botões de face e gatilhos. Embora seja bem recorrente se valer dos ataques comuns contra os mobs espalhados pelo mapa, em batalhas contra chefes você se verá forçado a alternar de forma estratégica entre um arsenal variado de armas corpo a corpo e de longo alcance.

Onimusha 2 Samurai's Destiny

Um último importante elemento do combate fica por conta da gestão da energia mágica para as habilidades, adquirida ao absorver orbes dos inimigos com a marca mística na mão de Jubei. Isso adiciona uma camada tática crucial, incentivando o jogador a estar sempre atento ao fluxo da batalha para não ser pego desprevenido (cabe apontar ainda que a absorção desses orbes também é importante para melhorar suas armas e habilidades, não só para utilizá-las). E, claro, talvez o mais legal desses orbes sejam os roxos, utilizados para preencher o medidor que lhe dá acesso à transformação em Oni, uma forma temporária que concede imenso poder e pode ser a chave para superar os desafios mais difíceis e virar o jogo a seu favor.

No geral, o trabalho de remasterização realizado pela Capcom foi feito com um cuidado notável e respeito pelo material original, conseguindo não só honrar o legado do jogo de PS2, mas adaptá-lo com sucesso para os padrões visuais e de jogabilidade da atualidade sem perder o sabor original, mesmo que com isso venha a necessidade de relevar alguns pequenos problemas.

Este remaster serve como um poderoso lembrete do quão bom e envolvente Onimusha 2: Samurai’s Destiny era (e continua sendo), e o motivo pelo qual ele merece ser redescoberto pelos fãs de longa data e por uma nova geração de jogadores. Embora brigue fortemente com Onimusha: Dawn of Dreams como título menos celebrado da série por todos (mesmo que os de verdade lembrem até do saudoso Onimusha: Blade Warriors), este remaster tem o potencial de finalmente dar a Samurai’s Destiny o destaque e reconhecimento que ele genuinamente merece.

Onimusha 2: Samurai’s Destiny está disponível para PS4, Xbox One, Switch e PC. Esta análise é da versão PS4 e foi realizada com um código fornecido pela Capcom.

Veredito

Onimusha 2: Samurai’s Destiny é uma muito bem-vinda remasterização de um ótimo título de PS2 que chega às plataformas atuais com melhorias necessárias. Embora ainda retenha alguns pequenos problemas, fãs de jogos de aventura e de samurais tem um prato cheio nessa importante peça do catálogo da Capcom.

80

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