Análises

Warriors: Abyss – Review

Misturar musous com roguelites não era algo exatamente previsível para o bingo de 2025. Mas, surpreendentemente, cá estamos nós. Não que seja uma grande surpresa que a Omega Force tenha optado por testar novos caminhos com a franquia, afinal, diferentes spin-offs surgiram ao longo dos anos em gêneros que, à primeira vista, não pareciam casar tanto.

Mas talvez seja justamente isso que diferencia Warriors: Abyss, o surpreendentemente anunciado e lançado no mesmo dia novo título da Koei Tecmo. Quanto mais se pensa sobre, mais é fácil ver como a combinação das vultosas hordas de inimigos dos jogos de hack ‘n’ slash 1v1000 podem se combinar com as inesperadas

Trazendo um gigantesco elenco de mais de 100 personagens tanto de Dynasty Warriors quanto de Samurai Warriors, digno do melhor que um Warriors Orochi teria para oferecer, o título coloca os jogadores na batalha para vencer uma imensa quantidade de inimigos em quatro níveis distintos.

Warriors: Abyss

Tal qual os já mencionados Warriors Orochi, aqui há uma força superior responsável por unir heróis da China Antiga e do Japão do período Sengoku em um único lugar: o literal comandante dos mundos inferiores, King Enma. Segundo a entidade, um deus antigo chamado Gouma invadiu o inferno, sugou seus poderes e a única forma de evitar que o mundo seja destruído é invocando heróis de outros mundos para ajudá-lo.

Honestamente, narrativa não é o grande forte (ou foco) de Warriors Abyss. O plot é até interessante, mas tá ali mais pra tentar justificar o porquê todos esses heróis estão juntos e enfrentando criaturas sobrenaturais de diferentes tamanhos do que buscando contar algo de maior substância. São algumas poucas cenas, explicando pra onde você vai e te apontando na direção na qual bater e saindo do seu caminho para se divertir.

Não espere, portanto, algo nem sequer similar ao grau de desenvolvimento que se viu nos últimos crossovers feitos pela Koei Tecmo como Warriors Orochi 4 ou Warriors All-Stars. É claramente um jogo menor, até por isso seu lançamento de surpresa, feito talvez para testar algumas ideias e conceitos a serem mais explorados futuramente (a exemplo das já anunciadas inclusões de personagens da série Atelier, por exemplo). Dito isso, o seu ponto focal, que é o gameplay, realmente brilha.

Warriors: Abyss

O jogo é dividido em diferentes fases, essencialmente, diferentes níveis do inferno de Gouma, cada qual composto por oito fases distintas, com o último desses culminando em uma batalha contra um dos generais dele. Como ainda estamos falando de um jogo com o nome “Warriors”, cada estágio exige que o jogador destrua uma quantidade específica de inimigos para desbloquear a passagem para a próxima fase até concluir aquele nível do inferno.

Como era de se esperar, cada novo estágio vai te trazer mais inimigos de uma vez, exigir que você mate mais deles e jogar alguns objetivos secundários mais difíceis e inimigos também progressivamente mais desafiadores. tudo com o objetivo muito simples e claro de te fazer falhar. O jogador, por sua vez, tem à sua disposição o já esperado arsenal da franquia, com combos de ataques leves e fortes e os poderosos ataques musou.

Os dois pontos que trazem uma experiência distinta aqui são os elementos de roguelite e a visão isométrica que, por si só, traz um ar bem fresco para o combate, já que te permite planejar melhor a forma como você irá lidar com cada situação de batalha por poder ver com mais clareza de onde os inimigos estão vindo te atacar. Felizmente, ela não é tão distante assim, então você ainda será pego de surpresa em vários momentos, exigindo um poder de reação e pensamento rápido.

Warriors: Abyss

Já em relação aos elementos de roguelite, eles se apresentam de duas formas principais. A primeira, e talvez mais simples, delas é que, ao completar uma fase, há uma chance de poder desbloquear um de três heróis distintos para que eles passem a fazer parte do seu grupo, o que te permite invocá-los para realizar poderosos golpes finais em seus combos (e habilidades passivas que podem ser desbloqueadas)., até um limite de seis heróis em um grupo durante uma run.

Além disso, você poderá escolher uma de três rotas diferentes. Embora o impacto visual seja pouco, já que a esmagadora maioria das fases é muito similar, tanto esteticamente quanto na dinâmica que elas seguem (inclusive no pós-batalha), essa estrutura de rotas é o que faz com que cada run tenha um sabor diferente de outra, já que elas podem tanto te levar para mais uma fase de combate (incluindo algumas com recompensas especiais) ou pontos com lojas e de recuperação de pontos de vida.

Isso faz com que o jogador precise pesar bem o peso do risco e recompensa de cada decisão, já que você precisará decidir se vale mais a pena tentar completar mais um nível e ganhar o herói que você quer, sem saber se haverá um ponto de cura do outro lado, ou se é melhor jogar de forma segura, recuperando sua energia logo. Adicione a isso o fato de que certas rotas também trazem efeitos especiais temporários, como boosts de ataque ou tesouros com efeitos extras e isso faz com que nenhuma run seja parecida com a anterior.

Warriors: Abyss

O último elemento de roguelite do jogo é que, ao concluir uma run, você irá conquistar uma “moeda” chamada Karma. Karma pode então ser usado para desbloquear diferentes nodos em um grid, composto basicamente de novos heróis e melhorias para os seus ganhos de dinheiro para gastar na loja ou experiência durante as runs. Essa experiência é importante já que, caso você consiga concluir uma run, esses pontos são adicionados ao medidor geral dos heróis que a concluíram, aumentando o seu poder para próximas jornadas.

Por fim, cada herói adquirido também tem um impacto nas habilidades dos seus heróis. Cada um deles tem um impacto diferente nelas, alguns melhorando as estatísticas básicas como ataque e defesa, outros trazendo habilidades especiais. Isso é fundamental já que, certas técnicas, só se encontram disponíveis ao alcançar um certo patamar em cada status e derrotar chefes quando se tem, por exemplo, pouca resistência a ataques elementais pode ser um risco imenso.

Isso faz com que a dinâmica de combate com esses chefes inverta um pouco a lógica tradicional da franquia de só partir pra cima com tudo e eventualmente defender/esquivar. Aqui é necessário aprender os padrões de movimentação e ataque dos seus alvos, já que eles conseguem ser bem punitivos e dificilmente são vencidos se você simplesmente atacar incessantemente.

Warriors: Abyss

Como cada personagem é diferente e tem seu próprio nível de dificuldade de uso, cabe ao jogador aprender com quais ele melhor se sai já que, ao completar uma run, você desbloqueará um novo nível de dificuldade (com recompensas melhores e mais chance de conseguir certos heróis) e toda a força acumulada será bem importante para o seu sucesso. É justamente esse looping de completar uma run e ir para uma nova dificuldade, o elemento central do jogo, já que ele não é tão longo assim para se completar só uma vez e se dar por satisfeito.

Infelizmente, essa dinâmica faz com que o jogador acabe se prendendo a um grupo central de heróis, já que é necessário dedicar uma certa quantidade de tempo para evoluí-lo. Fora isso, o jogo é bem simples, do ponto de vista gráfico, então junte isso a repetitividade dos cenários e pode acabar sendo cansativo (apesar da trilha sonora ser espetacular).

No fim das contas, Warriors: Abyss faz coisas distintas o suficiente para que não só justifique sua existência, mas seja uma adição bem-vinda à longa lista de spin-offs da franquia, já que o gameplay se encaixa bem com a proposta de um roguelite. Junte a isso o preço mais baixo e o suporte contínuo desde seu lançamento surpresa e há bastante a se tirar daqui para fãs do legado da Omega Force.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Koei Tecmo.

Veredito

Warriors: Abyss é um divertido spin-off que traz algumas boas ideias para o casamento entre musou e roguelite. Infelizmente, suas limitações o impedem de entregar mais, mas deve satisfazer por algumas horas os fãs da franquia.

70

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