Análises

Cyber Shadow – Review

O primeiro jogo da Mechanical Head Studios, publicado pela Yacht Club Games, entrega uma experiência retrô bastante enraizada na sua fonte de inspiração. De tantos produtos que resgatam a trilogia original de Ninja Gaiden, Cyber Shadow talvez seja o mais digno de se enquadrar como uma sequência espiritual do clássico da Tecmo. São jogos com propostas bastantes similares, especialmente pelo gameplay e uso de cutscenes.

Em Cyber Shadow, uma misteriosa explosão mata o ninja Shadow e o mesmo é revivido com um corpo de máquina, a fim de retomar sua missão e compromissos com seu clã. Desaparecida, o resgate de sua mestra é um dos objetivos principais de Shadow. Os dois personagens possuem uma relação profunda, que é trabalhada ao longo da narrativa.

O enredo também traz profecias, traições, reviravoltas e outros elementos de storytelling que surpreendem para um jogo retrô, tendo em vista que os antigos games 8 bit não davam tanta ênfase a esse aspecto. Além de uma narrativa caprichada, o jogo da Mechanical Head traz mais diversidade ao gameplay em relação à sua fonte de inspiração, embora isto demore a se concretizar, devido aos upgrades a conta-gotas.

Após a metade, novas habilidades conferem mais velocidade ao jogo, novos meios de combater inimigos complexos e tornam a exploração mais fácil. É lamentável que ações tão interessantes demandem tanto progresso no jogo.

A experiência em Cyber Shadow seria mais satisfatória, não fosse o limitadíssimo moveset inicial. Os movimentos e habilidades de Shadow no início do game são os mais básicos possíveis. Em virtude disso, os primeiros estágios são simples e sem a profundidade que outros jogos de ação/plataforma modernos oferecem, se assemelhando mais aos produtos da geração 8 Bits.

Inicialmente, apenas as ações de pular e atacar estão disponíveis, não há sequer a possibilidade de agachar – uma omissão estranha. É somente na metade do game que as habilidades permitem ações mais interessantes, colaborando para enriquecer a experiência de jogo. Infelizmente o jogador precisa se submeter a essa lentidão inicial para colher os frutos de Cyber Shadow.

Ainda que a história não traga nada excepcional, é incrível como ela é bem contada. Além das já mencionadas cutscenes, ainda existem diversos NPCs e “logs” de texto que complementam o lore do jogo, por meio de interatividade opcional. Nesse ponto, Cyber Shadow se destaca.

Existem mais de 10 fases no jogo, cada uma com sua faixa de música própria, o que resulta em uma trilha sonora rica. As músicas em chiptune são fantásticas e fazem jus ao legado de excelência de Ninja Gaiden. Além das faixas únicas para cada ambientação, existem aquelas exclusivas para os confrontos contra chefes, enriquecendo ainda mais a diversidade do jogo.

Os sprites e a pixel art também não desapontam. Os cenários carregam uma boa gama de detalhes e as criaturas/máquinas são bem animadas para um jogo do estilo. Destaque também para o inteligente uso da paleta de cores, o que distingue bem uma fase da outra.

Ressalta-se que a cada nova fase a experiência se renova, inaugurando novos inimigos e modos de se utilizar as habilidades de Shadow. A dificuldade eleva bastante no decorrer do jogo também, mas jamais chega a ser injusto. Há um sistema generoso de checkpoints, inclusive com a possibilidade de se comprar upgrades. Para adquirir tais benefícios, o jogador precisa coletar determinados itens disponíveis ao longo das fases.

Conteúdo e diversidade não são problemas em Cyber Shadow. Trata-se de um pacote completo e até extenso pros padrões do gênero. Existem muitos inimigos, batalhas contra chefes de características singulares, assim como passagens secretas que escondem itens de upgrade, propiciando o backtracking típico do gênero.

O jogo é competente em diversos quesitos, todavia, não traz nenhuma inovação significativa. Citando The Messenger como exemplo, ambos bebem da mesma fonte, mas Cyber Shadow traz uma experiência muito mais tradicional e menos ousada. Não chega a ser um demérito, mas é algo que os jogadores devem levar em conta para controlarem suas expectativas.

Ao adquirir o jogo, o comprador recebe tanto a versão de PS4, como a de PS5. Caso opte por jogar no PS5, a grande vantagem está na possibilidade de rodar o jogo na frequência de 120 Hz e uma latência reduzida, não há qualquer suporte ao DualSense, no entanto. Por fim, vale mencionar que o jogo conta com total localização para o português do Brasil.

Jogo analisado no PS4 Pro com cópia digital fornecida pela Yacht Club Games.

Veredito

Perpassadas as tediosas fases iniciais e destravando novas habilidades, Cyber Shadow mostra seu valor. O gameplay fica muito mais interessante da metade pra frente, ainda assim, não é um jogo que traga muitos elementos novos à mesa. De qualquer forma, é facilmente recomendado para aqueles interessados em matar a saudade de clássicos da era 8 bits, especialmente pelo seu capricho na parte visual, sonora e narrativa.

80

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