Análises

Gleamlight – Review

E se você fosse residente de um mundo de vidro, onde tudo é tão brilhante e frágil que chega a dar medo só de pensar? Esse é o cenário de Gleamlight, onde o jovem guerreiro Gleam anda de um cenário a outro em busca de algo que nem nós sabemos o que é exatamente.

Com uma premissa diferentona, Gleamlight traz ao jogador uma experiência totalmente muda, onde não existe interface de usuário, letreiro ou sequer uma história. Se isso é algo ruim? Bom, você vai descobrir nessa análise. Mas já posso adiantar aqui que pelo menos a trilha sonora é bem gostosa de se ouvir.

Gleamlight
A trilha sonora muda de acordo com o ambiente, e embora ela seja gostosa, acaba enjoando depois de um tempo. Fonte: PS4 Share

Como dito no início deste texto, Gleamlight não possui uma história. Quer dizer, ele tem lá o seu conceito, porém, nada é explicado. Tendo isso em vista, cabe ao jogador criar a sua própria experiência.

Eu, particularmente, criei na mente um enredo onde Gleam, o protagonista, parte em busca de uma forma de acabar com o preconceito contra aqueles residentes que não possuem brilho próprio. Por outro lado, eu também poderia transformar o personagem principal em “vilão”, já que existem dois finais.

Embora a proposta de se criar a própria história (teoricamente, falando) soe bacana, a execução pode deixar a desejar. E eu não digo isso pelo fato do jogo não ter uma palavra sequer, mas sim por todo o resto, inclusive o gameplay repetitivo.

Existem diversos poderes que podem ser adquiridos ao derrotar os chefes. Isso deixa tudo mais interessante e, junto com todo o resto do gameplay e ambientação, faz você se lembrar de Hollow Knight, principalmente pela dificuldade. Porém, Gleamlight fica devendo na jogabilidade, que mesmo tendo uma proposta simples, falha em momentos preciosos e decisivos.

Em diversas situações, Gleam fazia um comando contrário àquele dado. Esse problema não é tão grave quando se está enfrentando inimigos comuns, mas as batalhas contra os chefes podem se tornar um verdadeiro teste de paciência.

Além do problema com a jogabilidade, existe também a repetição no gameplay. O único momento em que se pode variar com seus poderes é durante a luta contra os chefes, que é onde você tem mais espaço para agir. No mais, tudo que lhe resta é atacar com os comandos básicos, pois há tantos inimigos na tela que, caso você tente fazer qualquer gracinha, as chances de morrer só aumentam.

Gleamlight
O seu HP também é consumido quando se usa as habilidades especiais, por isso é preciso ter cuidado em cenários com muitos inimigos. Fonte: PS4 Share

Em contrapartida à jogabilidade, a Dico Co. conseguiu trazer belos cenários para Gleamlight, que conta com efeitos visuais lindos, daqueles que fazem você ficar admirando por muito tempo. Porém, essa beleza toda acaba enjoando quando o jogo te obriga a fazer o caminho de volta para enfrentar o chefe final.

Pela falta de uma interface que mostra o total de vida e outros atributos, os gráficos brilhantes ajudam o jogador no monitoramento do HP. Quanto mais escuros os personagens estiverem, mais perto da morte eles estarão.

Uma sacada legal do título é que tanto o protagonista, quanto os inimigos, podem sugar a energia um do outro quando recebem ataques. Muitas batalhas podem demorar por causa desse sistema, o que não é ruim. Claro, às vezes você pode pensar que é tudo muito injusto, já que os cenários ficam abarrotados de inimigos e as chances de morrer são muito altas. Porém, se te serve de consolo, existe um troféu que só pode ser desbloqueado após morrer 100 vezes.

Gleamlight
Infelizmente o jogo não possui segredos nos cenários, e a única habilidade escondida só é importante para a conquista da platina. Fonte: PS4 Share

Gleamlight tenta trazer uma aventura conceitual, porém, ele se perde no caminho e leva o jogador junto para esse desconhecido. Um exemplo disso é quando, após uma luta contra o chefe, ele de repente “acaba” e mostra os créditos finais. Se você não for do tipo explorador para descobrir que é preciso voltar no arquivo salvo e continuar a partir dele, vai achar que gastou R$36,99 reais num título com duração de uma hora.

É possível terminar a aventura em pouco mais de duas horas. Caso esteja em busca da platina, será necessário investir de quatro a cinco horas do seu tempo. Não é difícil, mas é preciso avaliar se esse investimento realmente valerá a pena.

De modo geral, a Dico Co. quis arriscar, em pleno 2020, num jogo muito mais voltado para a parte visual do que a história. Pelo preço, ele pode ser uma aquisição ok, porém, é preciso entender que estamos numa época onde as pessoas querem se conectar com os personagens, e infelizmente, isso é algo que Gleamlight não consegue entregar.

Jogo analisado no PS4 Pro com código fornecido pela D3 Publisher.

Veredito

Gleamlight é um jogo visualmente lindo, porém, seu gameplay repetitivo e falta de fator replay deixa o jogador com um pé atrás. Caso esteja procurando algo rápido e bonito por R$ 36,99, ele talvez possa suprir a sua necessidade. Mas não vá com muita sede ao pote.

65

Rui Celso

Jornalista que decidiu se aventurar no mundo gamer desde o tempo em que as revistas eram a principal fonte de informação deste mundo do entretenimento. Hoje eu expandi meu universo e também faço parte do backstage deste universo atuando como Assessor de Imprensa. Só pra constar: Paper Mario é o meu jogo favorito da vida.

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