O que esperar de uma sequência? Essa é uma das questões que sempre cercam as várias franquias dos videogames. Os mais otimistas de nós esperam melhorias em tudo, enquanto os mais pessimistas, que o jogo não seja tão bom quanto o original. Felizmente, XBlaze Lost: Memories está no primeiro caso. A sequência de XBlaze Code: Embryo (lançado em 2014 para Playstation 3 e Playstation Vita) é uma versão melhorada de todas as maneiras imagináveis.
A série XBlaze, um spin-off da franquia BlazBlue, expandindo o universo dos jogos de luta através de Visual Novels, não havia tido o melhor dos começos. Algumas das mecânicas criadas para Code: Embryo não funcionavam muito bem (como o TOi System), o que acabou por tornar a história mais confusa do que ela precisava ser. Felizmente, isso não é uma preocupação que encontramos em Lost: Memories.
A história do jogo, focada na protagonista Suki (é possível alterar o nome da personagem), cativa o jogador desde o começo, sendo, com folga, o ponto mais forte do jogo. Em essência, o jogador controla uma usuária de magia que acaba presa em um lugar chamado Phantom Field após sua irmã entrar no laboratório de seu pai e precisa chegar ao fundo deste lugar para não só salvar a sua irmã mais nova, como para escapar de lá.
Para passar de cada andar e poder descer para o próximo, Suki precisa coletar quatro fragmentos diferentes de memórias, sendo guiada por uma garota chamada Nobody, que afirma saber aonde sua irmã se encontra. Essa exploração é feita através de um mapa 2D que, se não é particularmente interessante, divertido ou desafiador, acrescenta uma nova faceta a Visual Novel, evitando ficar preso por horas apenas lendo.
Com cada nova memória, novas cutscenes são desbloqueadas, tanto entre as personagens quanto permitindo ao jogador ver as memórias coletadas, após isso Suki participa de uma espécie de game show com Nobody sobre os acontecimentos do jogo até aquele ponto e é aonde a conexão entre este jogo e Code: Embryo entram.
Boa parte da premissa de Lost: Memories vem do mesmo contar a “verdadeira história” de Code: Embryo. Enquanto o jogo original era pelo ponto de vista do protagonista Touya Kagami, essas memórias encontradas são de outros personagens do jogo, trazendo uma perspectiva nova aos acontecimentos do jogo. Se não é fundamental ter jogado Code: Embryo, já que boa parte da história é recontada aqui, definitivamente é recompensador poder compreender melhor o que cada acontecimento das memórias significa.
Mas não ache que tudo se resume a recontar a história de Code: Embryo. A partir da metade das aproximadamente 16, 17 horas de jogo, a história segue um rumo diferente e independente, tornando tudo ainda mais interessante e, felizmente, novo. Se não é revolucionária ou memorável como algumas outras visual novels do Vita (especialmente Steins;Gate), as reviravoltas da trama de Lost: Memories são criativas e, de fato, pegam o jogador de surpresa.
Tanto o aúdio quanto o visual do jogo são bem acabados. Não há nenhum tipo de estética nova experimentada ou novidades sonoras, mas o jogo entrega belas imagens e músicas bem acabadas, mesmo que parte da trilha sonora venha do jogo anterior (em algumas situações, justificadamente). O jogo não possui dublagem em inglês, apenas o áudio original em japonês e legendas em inglês e, considerando a extensa quantidade de texto do jogo (afinal, é uma visual novel) um bom domínio do idioma é necessário.
Ao contrário de outras visual novels, XBlaze Lost: Memories oferece muito pouco em termos de variações na história (inclusive quando comparado com Code: Embryo). O jogo não tem finais múltiplos, apenas algumas cenas diferentes para cada escolha, sendo possível retornar e ver as cenas alternativas posteriormente. Esse conteúdo alternativo pode ser encontrado no menu, mas não espere muito fator de replay no jogo.
No fim, o que vemos em XBlaze Lost: Memories é uma visual novel que conta uma boa história, muito mais segura e competente em todos os aspectos do que Code: Embryo. Se não revoluciona em nada, as 15-20 horas de conteúdo são bem agradáveis e justificam a continuidade da franquia. Se XBlaze poderia parecer, em seu primeiro título, só um spin-off caça-níquel de BlazBlue (e que se ligava pouco à história dos jogos de luta), Lost: Memories faz mais do que o suficiente para estabelecê-la como uma respeitável franquia.
Veredito
Com uma história intrigante e cativante, personagens bem escritos e um bom trabalho técnico de audiovisual, XBlaze Lost: Memories é uma ótima visual novel tanto para os fãs do gênero, quanto para os novatos, mesmo que não esteja no mesmo patamar de algumas obras definitivas do gênero disponíveis para o Vita.
Jogo analisado com código fornecido pela Aksys Games.