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Há muito tempo, em uma década muito, muito distante, Star Wars se tornava um fenômeno de bilheterias pela primeira vez. Quando o filme de estreia da saga saiu em maio de 1977, mudando profundamente Hollywood e toda a indústria cinematográfica, produtos relacionados à franquia logo foram criados para suprir a demanda do ávido público, que acabara de sair das salas de cinema querendo saber mais sobre aquele universo fantástico. De bonecos e roupas a até utensílios domésticos e comidas com Luke, Leia e Han Solo estampados na sua embalagem, tudo que você pode imaginar foi criado com o nome da série. E claro, livros, desenhos e quadrinhos não ficaram fora dessa.

Chamando diversos escritores, Star Wars iniciou a criação de seu universo expandido, levando-se em conta os acontecimentos dos filmes e expandindo as ideias, personagens e mitologia apresentadas no cinema. Porém, após a compra feita pela Disney em 2012, a franquia sofreu um grande reboot em seu UE, sendo que grande parte do material criado anteriormente foi retirado do canon e catalogado como Legends.

Com fãs órfãos de material canônico, a Disney tratou de resolver isso logo, por meio de diversos livros e games. Sendo assim, poucas franquias podem se dar o luxo de criar um material derivado de outro produto derivado (no caso, o game Battlefront). E assim foi concebido o livro Star Wars – Battlefront: Companhia do Crepúsculo, escrito pelo autor Alexander Freed e lançado no Brasil pela editora Aleph.

A história do livro se passa alguns dias após a vitória dos rebeldes na batalha de Yavin IV. Com a destruição da Estrela da Morte, o exército rebelde se vê confiante para avançar na luta contra o império galáctico e tomar planetas da Orla Média, criando um esquadrão feito para invadir e tomar o espaço do império. É criada a Companhia do Crepúsculo, na qual o soldado veterano, Namir, protagonista da história, lidera sua equipe na luta contra o exército do Imperador Palpatine.

A narrativa entrelaça a história de vários personagens ao redor de uma aventura que percorre muitos planetas e sistemas solares. Apesar do foco na Aliança Rebelde e nas ações do grupo de Namir, os capítulos acabam indo e voltando de um local e personagem para outro.

Por adaptar um game que se passa o tempo todo nas guerras espalhadas por diversos planetas conhecidos da saga, o clima de guerra é o centro da história do livro. Conseguindo capturar muito bem a sensação de se estar em um estado de constante ameaça, percorrendo as trincheiras do conflito enquanto soldados perdem suas vidas pela causa da libertação galáctica. Ao contrário do que vemos nos filmes, cada soldado que luta à frente da linha de batalha tem nome e passado, e a trama consegue envolver o leitor com esses personagens. Sentir-se ao lado daqueles soldados, em cenas cinematográficas narradas ao longo do livro, é ponto forte da experiência.

E como em toda guerra, seja aqui ou em uma galáxia muito distante, há constantes baixas no número de soldados. O autor não tem perdão em matar personagens construídos ao longo de diversas páginas do livro, sem medo de tirar a vida de membros importantes da Companhia. E em alguns casos nem se preocupa em mostrar o momento de suas mortes, tornando a guerra ainda mais brutal e visceral. Como em Rogue One, a Força e os Jedi são lendas pouco conhecidas pelo resto das pessoas. O dia a dia de um soldado em guerra não reflete o que Luke e companhia faziam na trilogia original. E não é todo dia que os soldados peões da guerra encontram um final feliz em batalha.

O livro é dividido em quatro atos, cada um focando em uma parte da missão da Companhia. A narrativa é recheada de cenas de ação e o ritmo do livro não cansa ao longo das mais de 400 páginas de leitura. Alguns momentos serão familiares tanto para os fãs da franquia quanto para quem jogou Battlefront. A batalha de Hoth, por exemplo, é palco de um dos momentos mais tensos e épicos do livro. Se no primeiro Battlefront produzido pela EA não havia história para amarrar as partidas multiplayer, ao menos o livro compensa criando um complemento interessante à experiência dos videogames.

Apesar de focar em figuras criadas para ele, há uma constante menção de momentos e personagens icônicos. Das Guerras Clônicas até o medo constante que a figura de Darth Vader causa nos rebeldes. Como no jogo, tais personagens-chave aparecem pouco e somente em momentos cruciais da trama. Ver tais figuras através dos olhos daqueles que as veneram (ou as temem) dá um escopo ainda maior para o universo da série. Soldados novatos copiando o nome de figuras emblemáticas refletem basicamente o que nós, como jogadores e fiéis fãs da franquia, fazemos quando estamos em uma partida multiplayer do jogo. Todos se espelham nas mesmas figuras heroicas, que aqui são vistas de forma quase tão idealizadas quanto pelos fãs da franquia.

O universo de Star Wars é tão rico e plural que obras assim só enriquecem mais o lore da saga. Essa visão mais periférica dos eventos, algo próximo ao que se vê nas animações Clone Wars e Rebels, é algo que os fãs vão prestigiar. Ver os diferentes lados da guerra, e realçando o tema de que não são todas as pessoas que apoiam as ações dos rebeldes, expande ainda mais nossa compreensão do universo originário dos filmes.

Longe de ser um mero caça-níquel, Battlefront: Companhia do Crepúsculo é um bom complemento para a série e uma ótima porta de entrada para os fãs da franquia Battlefront que desejam começar a ler os diversos livros do universo expandido de Star Wars. Com personagens novos em cenários e momentos tirados dos filmes, o jogador sente a familiaridade daquele universo, mesmo acompanhando figuras nunca antes vistas. Uma boa história para você ir se preparando para o esperado modo singleplayer de Battlefront II.

Star Wars – Battlefront: Companhia do Crepúsculo (Battlefront: Twilight Company)

Autor: Alexander Freed

Editora: Aleph

Páginas: 424

 

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