Durante da década de 90, a quinta geração de consoles chegou, e nela novos gêneros de jogos foram criados e outros consolidados. Um estilo conhecido desde os tempos de Atari é o de jogos de corrida: eles já haviam sido experimentados em três dimensões nos consoles anteriores, mas a tecnologia limitada atrasou o pulo oficial do 2D ao 3D até o lançamento dos consoles de 32 e 64 bits.

Neste contexto temos ainda a Sony e Nintendo dominando o mercado com o Playstation e Nintendo 64, respectivamente. No entanto, combater uma veterana seria difícil para a Sony, que havia acabado de entrar no mercado de jogos eletrônicos e competia com uma empresa cujo mascote é até hoje o ícone definitivo dos videogames. Para combatê-la, um personagem como Crash Bandicoot precisaria fazer tudo o que o encanador italiano fazia com tanta (ou mais) competência que o rival. Essa disputa rendeu ótimos jogos de plataforma e multiplayer que estão até hoje no coração de qualquer jogador – dentre eles o que deu nome a este artigo.

Crash já havia estreado em três sidescrollers extremamente bem sucedidos que, juntos, venderam tanto quanto Super Mario 64, e a produtora Naughty Dog resolveu enfrentar também Mario Kart 64 e Diddy Kong Racing. Este subgênero de "corrida de kart" era dominado pela Nintendo, que era experiente na área desde Super Mario Kart. Enquanto o console da Sony tinha jogos de corrida mais realistas, os jogos da Nintendo tinham sido não só extremamente bem recebidos por serem mais leves e voltados ao “multiplayer party", mas também por levarem todos os personagens icônicos da companhia à competição.

E assim nasceu Crash Team Racing (CTR), uma aposta tão grande quanto o Crash original havia sido. Felizmente, o jogo não decepcionou e foi elogiado por suas pistas vibrantes, itens caóticos, multiplayer bem trabalhado e até mesmo um modo aventura cheio de conteúdo. CTR não fica longe do conceito e funcionalidades de seus concorrentes, mas dá certo exatamente por isso: todos os personagens consagrados da série competem freneticamente em corridas rápidas, simples e divertidas tanto para um jogador sozinho quanto para um grupo.

As pistas, cheias de personalidades e segredos, são um dos pontos altos: Das praias de Crash Cove até a nave espacial do vilão Nitros Oxide, cada mapa é único e se encaixa perfeitamente no universo da franquia, com os mesmos temas já conhecidos por todos. Para completar, a trilha sonora ainda se mescla perfeitamente com os ambientes, tornando as corridas tão boas de ouvir quanto de correr. O melhor de tudo, no entanto, é se familiarizar com cada um destes lugares através da campanha, que te leva por cinco mundos diferentes em que cada um dos cenários pode ser acessado não só para uma corrida, mas também para outros desafios como Time Trials ou chefes – adversários que abusam de um ou dois itens específicos e trapaceiam para ficar em primeiro. É injusto, mas sem dúvida memorável o bastante para que o gosto da vitória ainda esteja claro mesmo quatorze anos depois.

O maior diferencial das corridas destes jogos de Kart são os itens absurdos que vão desde bolhas de proteção até bombas e mísseis. As caixas que te garantem itens podem ter também outra textura, e nesse caso usam uma mecânica diferente do jogo: elas fornecem Wumpa Fruits, as frutas clássicas da série. Ao juntar dez frutas, todos os itens do arsenal do jogador se tornam mais poderosos – a caixa de TNT, por exemplo, que normalmente demora três segundos para explodir, se torna uma caixa de Nitro e explode instantaneamente ao ser atingida. Essa vantagem pode ser a diferença entre ganhar ou perder, então a busca pelas frutas é tão acirrada quanto a corrida em si.

Crash Team Racing acabou sendo uma verdadeira carta de amor para os jogadores da série. Todos os personagens são reconhecíveis dos jogos de plataforma, assim como os itens e algumas das pistas. Os diversos modos que vão desde uma robusta campanha para um jogador até copas multijogador, a jogabilidade, a trilha sonora e os gráficos extremamente caprichados, juntamente com uma atmosfera que é até hoje confortável, tornam o jogo memorável. O "Scrapbook", liberado após o término do jogo, mostra fotos do desenvolvimento do game e deixa claro o amor da Naughty Dog pela série e por seus fãs. Eles podem não ter criado um jogo inovador, mas Crash Team Racing foi tão bem feito que acabou se tornando um dos melhores jogos de Kart de todos os tempos, ganhando até mesmo dos seus maiores concorrentes do Nintendo 64 e se tornando o melhor jogo de corrida da quinta geração.

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