Análises

GODBREAKERS – Review

Uma nova opção é apresentada para os fãs de jogos no estilo roguelite com a chegada de Godbreakers. O título de estreia do estúdio sueco To The Sky promete colocar gameplay em primeiro lugar, destacando que a narrativa é um elemento opcional. Ou seja, você pode desligar o cérebro e manter o foco inteiramente em esmagar botões e trucidar toda e qualquer forma de oposição sem sequer pensar no porquê está fazendo isso.

Dito isso, o jogo usa um futuro distante e (talvez não tão) apocalíptico como ambientação, onde a raça humana é apenas um eco perdido na vastidão do universo. Tudo que restou de nossa passagem foi a mais avançada mente artificial que criamos, o Mônade. Todos os átomos do universo são usados como suprimento da fonte de energia necessária para os cálculos intermináveis dessa inteligência artificial, mas tamanho consumo começa a enfraquecer o sol, ameaçando até mesmo a destruição completa do astro.

Godbreakers

Para evitar que isso venha a acontecer, a misteriosa sororidade celestial chamada de Confraria decide agir por trás das cenas. Elas tecem novos corpos, que são habitados por padrões humanos que perambulam pelo espaço chamado de Sargaço, e os enviam em missões suicidas para destruir o Mônade e consertar a bagunça que a febril raça humana deixou para trás. Tantas vezes quanto for necessário.

De acordo com essas entidades, tecer novos corpos é uma tarefa fácil — e uma que será constante, ao menos no início de sua jornada, já que as primeiras horas em qualquer jogo do gênero costumam ser repletas de surpresas e frustrações, conforme você tenta assimilar as mecânicas e terminologias únicas a cada jogo.

O grande chamariz de Godbreakers é a possibilidade de jogar em modo cooperativo para até quatro jogadores, bem como a habilidade titular do jogo: “god break” consiste em enfraquecer uma entidade inimiga para absorver sua habilidade especial — literalmente quebrando o inimigo, de dentro para fora — e posteriormente usá-la contra outros inimigos.

Godbreakers

Em termos de jogabilidade, é rápido e com um sistema de combate surpreendentemente viciante e fluído, embora cada um dos seis arquétipos disponíveis possua uma variedade limitada em seus ataques comuns, e muitos dos confrontos inevitavelmente seguirão padrões do tipo “bate e foge”, pois poucos são os ataques com poder de parada. Mesmo os mobs fracos podem causar estragos notáveis se você não for ágil o bastante.

Os arquétipos possuem características diferentes e, de forma geral, são bem balanceados: personagens ágeis possuem menos vida, ao passo que personagens lerdos causam mais dano com seus ataques. As habilidades e padrões de ataque dos arquétipos são bem diferentes entre si e cabe a você decidir qual deles melhor se adapta a seu estilo de jogo, mas, em nossos testes, favorecemos o uso do veloz Lâmina Gêmea, que ataca com duas lâminas curtas e que possui uma habilidade especial que o teleporta para três ataques rápidos pelas costas dos inimigos.

Existem cinco biomas, cada qual representando um cenário completamente diferente, como desertos áridos, pântanos venenosos, ou jardins floridos, e cada bioma é habitado por criaturas específicas. Você precisa conquistar três desses biomas, sendo que nos dois primeiros níveis você tem a opção de qual chefe deseja enfrentar, até finalmente enfrentar o temível Mônade, que é capaz de replicar os padrões de ataque de todos os demais chefes.

Godbreakers

Estruturalmente falando, todos esses cinco mundos são idênticos, porém, formados por uma série linear de corredores onde você avança, sala a sala, eliminando ondas de inimigos, enquanto procura por baús e coleta os fragmentos deixados pelos inimigos derrotados. Cada mundo conta com um subchefe e um chefe principal, cada um dos quais oferece um confronto único com padrões de ataques bem distintos e diferentes entre si.

Além disso, cada bioma conta com uma série de missões secundárias que você deve cumprir para destravar os chamados Enredos de Rebelião. Após derrotar o Mônade uma vez, você pode ativar até cinco Enredos para apimentar a sua jogatina com camadas de desafios adicionais, mas em particular os Enredos de Rebelião são vinculados aos chefes de cada mundo e, combinados, permitem que você assista ao (decepcionante) final verdadeiro dessa missão quando derrotar Mônade sob esses novos parâmetros.

Visualmente falando, a simplicidade do estilo gráfico talvez não agrade a todos mas funciona muito bem em sua proposta, e é bem acompanhada por uma trilha sonora que acompanha as batidas dos combates. Uma excelente dublagem (em inglês) agrega personalidade aos diferentes deuses mesmo que você talvez não esteja tão investido no que eles tenham a dizer.

Godbreakers

O jogo deixa a desejar em alguns pontos, porém. O gênero se sustenta no elemento “repetição”, e talvez essa seja apenas uma percepção de um jogador com muitos anos em suas costas, mas a estrutura do jogo acaba o tornando repetitivo demais. Enfrentamos alguns percalços de balanceamento, em particular inimigos que aplicam status de veneno, pois o mesmo dura bastante tempo e os cristais necessários para removê-lo possuem um tempo de recarga igualmente demorado.

E, por fim, o principal aspecto do jogo carece de uma atenção especial dos desenvolvedores. O modo cooperativo é fundamental. A experiência é muito mais agradável e divertida quando compartilhada com um amigo, mas, nesse momento, essa é única opção, pois o jogo não conta com sistemas de lobby ou de matchmaking. Os desenvolvedores prometem que algo nesse sentido deve ser disponibilizado no futuro, mas, até isso acontecer, você terá que convencer seu(s) parceiro(s) a comprar o jogo para que possam sair quebrando uns deuses por aí.

Talvez a crescente popularidade do gênero roguelite seja a principal causa da sua própria saturação, mas Godbreakers é uma opção por conta de seu sistema de combate e a sempre bem-vinda possibilidade de jogar com amigos — e, nesse caso, é quase que uma necessidade.

GODBREAKERS está disponível para PS5 e PC com legendas em português do Brasil. Esta análise é da versão PS5 e foi realizada com um código fornecido pela Thunderful.

Veredito

GODBREAKERS não tenta redefinir o gênero amplamente explorado de roguelites, mas apresenta mecânicas de combate satisfatórias em uma jornada linear e repetitiva. É uma experiência melhor aproveitada em modo cooperativo com um ou mais amigos.

75

Lucas Metz

Desde meados dos anos '90, aquele cara obcecado que passa 90% do tempo falando sobre Tomb Raider, e espera que nos outros 10% alguém toque no assunto para continuar falando sobre Tomb Raider. Já no mundo real, apenas mais um joão na fila do pão.

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