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Spellspire

A 10tons é uma empresa acostumada a lançar jogos casuais, com uma vasta biblioteca de jogos mobile, tendo alguns de seus títulos mais famosos portado para consoles Playstation, como Crimsonland, Neon Chrome e Xenoraid. Spellspire é seu mais novo port para PS4 e Vita, título para smartphone que teve uma boa recepção do público. Esta análise é focada na versão para o Playstation Vita, com algumas observações da versão para PS4 onde couber uma comparação.

A primeira e principal diferença para o port nos consoles Playstation é a mudança no modelo de negócios. Nos smartphones, Spellspire é um jogo "freemium", ou seja, gratuito e com microtransações para compra de itens adicionais que facilitam o avanço no jogo, além de mostrar propagandas e limitar a quantidade de vidas, recarregadas após um tempo. O jogo deixa seu modelo freemium por uma versão paga, sem limitações de vidas, nem microtransações ou propagandas.

À primeira vista, vê-se com bons olhos a eliminação desses obstáculos do modelo freemium. No entanto, a estrutura do jogo manteve-se a mesma, o que é um problema. Explico: Spellspire é um jogo difícil, estruturado para incentivar o jogador de smartphone a usar dinheiro real para um avanço e partidas ininterruptas. Com o fim das microtransações, a única opção para quem jogar no PS4 e Vita é coletar ouro (a moeda do jogo) para poder comprar itens e melhorias – e você realmente irá precisar comprá-los para fases mais avançadas –, em um processo tedioso de grinding, isto é, jogar as fases repetidas vezes até atingir uma boa quantidade de ouro.

Vamos às mecânicas do jogo para entender melhor esse problema. Spellspire é baseado em formar palavras. Seu personagem é um mago enfrentando monstros enquanto avança por um castelo de 100 andares. Em cada andar é dado ao jogador um conjunto de 10 letras variadas. O mago dispara feitiços nos monstros baseado nas palavras que o jogador forma com as letras disponíveis, sendo o poder de ataque baseado no tamanho da palavra formada.

Os monstros, no entanto, não ficam parados aguardando o ataque do mago. Cada inimigo ataca de acordo com um limite de tempo pré-definido, representado por um relógio no centro da tela. Não há mecânicas de defesa, então cada ataque recebido ou infligido vai diminuindo a vida do mago e dos monstros, respectivamente. É necessário derrotar uma sequência de inimigos para se avançar ao próximo andar, sendo que alguns andares são defendidos por um chefe, de poder de ataque e vida extremamente altos.

Inimigos derrotados dropam uma pequena quantidade de ouro e, esporadicamente, um item. Os itens variam entre poções para recuperar vida, pergaminhos que disparam feitiços poderosos e também um dicionário, que forma automaticamente uma palavra de grande tamanho com as letras disponíveis (uma mão na roda em situações críticas).

A cada novo andar, novos itens e equipamentos são desbloqueados para compra, proporcionando mais variedade ao gameplay. Seu mago é equipado com uma varinha, uma roupa e chapéu. Novas varinhas aumentam o poder de ataque e podem adicionar danos elementais, como fogo ou gelo, que causam efeitos diversos nos monstros. Roupas aumentam os pontos de vida, enquanto chapéus aumentam ataque e vida, só que em uma proporção menor. Tanto as roupas quanto os chapéus também podem possuir algum atributo especial como, por exemplo, prolongar o tempo até um monstro atacar ou receber mais ouro por inimigo derrotado.

Formar palavras pode parecer algo simples, mas na prática pode se complicar, principalmente na composição de palavras que tenham mais do que quatro letras. As letras disponibilizadas e a forma em que estão misturadas tendem a dificultar o trabalho do jogador, exigindo deste um bom vocabulário. Como auxílio, o jogo apresenta ao final de cada fase, seja com uma vitória ou derrota, uma palavra longa que poderia ter sido formada. As letras, no entanto, são aleatórias por fase, para não facilitar demais.

Como a formação de palavras é o núcleo de Spellspire, vale lembrar que o jogo está em inglês. Logo, é necessário que o jogador tenha um mínimo de conhecimento da língua. Isso, no entanto, também abre uma boa oportunidade para aqueles que querem expandir seu vocabulário de inglês de uma forma divertida.

O tempo é um elemento que ajuda a criar tensão nas batalhas, com o jogador tentando encontrar uma palavra antes do ataque do inimigo. Outro aspecto que adiciona estratégia é que os monstros possuem quantidades de vida variadas, desse modo, é necessário gerenciar as palavras, procurando utilizar as mais curtas em inimigos fracos e guardando as mais longas para monstros com mais vida.

Todas essas mecânicas juntas formam um sistema interessante, que ocasionalmente resulta em bons momentos de tensão e desespero. É um alívio enorme, por exemplo, quando aparece a letra S em uma fase, o que pode dobrar o arsenal de palavras disponíveis ao utilizá-las tanto no singular quanto no plural. Então, qual é o problema com o jogo? A resposta é: inflação.

Conforme o jogador progride, inimigos mais poderosos vão sendo adicionados, com poderes de ataque e quantidades de vida cada vez maiores, além de aparecem em sequências também incrementais. E isso não é feito de maneira gradual, sendo que às vezes subir dois andares já eleva demasiadamente a dificuldade do jogo. Andares com chefões são um desespero à parte, pois eles são muito apelões, com vida e força extremamente exageradas.

A inflação também atinge novos equipamentos. Versões mais avançadas requerem quantidades cada vez mais absurdas de ouro, sendo que o jogador logo necessita delas para conseguir chegar a um nível razoável contra os inimigos. Ouro, pelo contrário, não é algo ganho em abundância, o que levará o jogador a repetir dezenas de vezes andares inferiores, até conseguir acumular o necessário para comprar um novo equipamento.

Há apenas um incentivo em revisitar andares: a possibilidade de vencer um desafio, que consiste em terminar a fase com a vida cheia e com monstros ligeiramente mais rápidos. Ao cumprir este requisito, o jogador recebe uma estrela, que desbloqueia mais alguns equipamentos (que também devem ser comprados), e uma quantidade adicional de ouro.

Esse processo de grinding se inicia logo nos primeiros andares e acompanha sua jornada pelos 100 andares (fora áreas extras), tornando-se em pouco tempo uma tarefa entediante. Apesar disso, vencer um andar aparentemente impossível, contando com a sorte de um bom conjunto de letras e itens, é bastante recompensador. Se pelo menos a desenvolvedora tivesse reestruturado o jogo, dando recompensas maiores na vitória ou diminuindo o valor excessivo dos itens, talvez Spellspire se tornasse mais dinâmico, menos automatizado e mais divertido.

Por se constituir de fases rápidas, que demoram poucos minutos, jogar Spellspire no Vita é muito mais recomendado (o jogo é crossbuy). No entanto, encontrei algumas dificuldades no formato para o portátil. Primeiro, o jogo é restrito à tela de toque, então a formação das palavras se dá ao tocar nas letras, sem a opção de usar os botões físicos. As letras ficam concentradas em um canto da tela e tem um tamanho pequeno para dedos grandes. Com isso, a precisão não é perfeita, fora que o dedo fica em cima da letra, o que pode levar a erros.

No PS4, em que há apenas a interação com os botões físicos do DualShock, não há esse problema de precisão. E como são apenas 10 letras distribuídas em duas linhas, navegar entre elas não é tão demorado. Além disso, a versão de PS4 permite apagar uma letra individualmente ao errar, algo que não está presente na versão de Vita, sendo necessário apagar a palavra inteira e perder tempo ao recomeçar. A versão para smartphones sofre menos desses problemas, pois o jogo é apresentado na vertical, com mais espaço entre as letras, que também são maiores (além de ser uma posição que muitos já estão acostumados para digitar).

Na questão gráfica e de performance, o jogo está OK. Ele é estável e carrega rápido. Seu personagem e os monstros são bem desenhados e caracterizados, com um estilo cartunesco. A ambientação e música são padrão do que o jogador encontra na maioria de jogos casuais, algo agradável, mas sem nenhuma característica especial.

Veredito

Spellspire acaba trazendo uma ideia legal e um gameplay criativo, que alia a formação de palavras com um jogo de batalhas rápidas. Há boa variedade de itens, equipamentos e inimigos. No entanto, pela ausência de uma reformulação em sua estrutura, se adaptando para um jogo pago e sem microtransações, suas qualidades são ofuscadas pelo grinding excessivo que desestimula no médio prazo.

Jogo analisado com código fornecido pela 10tons Ltd.


 

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Spellspire has a nice concept and a creative gameplay, mixing a letter scramble game with quick battles. There is good diversity of items, equipment and enemies. However, since the game holds the same structure of its mobile version, with the absence of microtransactions, its qualities are overshadowed by an excessive grinding that discourages in the medium term.


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