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Sniper Elite 3

Em tempos em que os shooters se distanciam cada vez mais do tema 2ª Guerra Mundial, Sniper Elite 3 se mantém firme às origens da série no PlayStation 2. Só que dessa vez, o centro é a incursão nazifascista ao norte do continente africano. Aliás, tema esse que, não sei por qual motivo, causa, razão ou circunstância é praticamente ignorado em nossas lições de história.

Apesar do pano de fundo poder gerar uma boa história, não é esse o caso em Sniper Elite 3. O jogo toma partida quando se faz necessária a presença de um atirador de elite no campo de batalha. E é nesse momento que nosso famoso desconhecido protagonista entra em cena. Famoso por ser igual a tantos outros personagens que já protagonizaram jogos baseados em uma guerra qualquer: um homem trintenário de semblante sério, rosto genérico, voz grave e contundente, e, lógico, uma frieza digna de todo grande protótipo de badass. E desconhecido pelo simples fato de que o jogo sequer faz questão de mencionar o nome do protagonista (até mesmo a Rebellion sabia que tinha em mãos um personagem genérico).

O tutorial mais uma vez se faz presente, porém, foi bem inserido e não tem cara de bula de remédio. A sua missão não é nada simples: avançar no território inimigo, se infiltrar na base militar nazista para então destruir o projeto de um oficial alemão que dará a vitória aos países do Eixo: um enorme tanque de guerra chamado Ratte, ou rato em português (sério mesmo Rebellion?!). Complicada ou não, essa missão não é difícil o bastante para impedir nosso solitário herói de mais uma vez mudar o rumo da guerra. Sim, a ideia de “exército de um homem só” também marca presença – a não ser que você resolva jogar o modo história em cooperativo (o problema é ter paciência o suficiente pra esperar o terrível matchmaking do jogo encontrar um parceiro pra te acompanhar no campo de batalha).

Genericidades à parte, o jogo comete erros crassos e negligencia outros fatos históricos que fizeram parte da batalha no fronte norte africano. Por exemplo, ao longo do jogo você se depara com inimigos conversando em vários momentos. Como o jogo é totalmente baseado em stealth, você pode muito bem parar e ouvir o que os inimigos estão falando. Entre “schnell” (rápido em alemão) e “a presto!” (até mais em italiano), volta e meia você se depara com um soldado inimigo soltando um "estoy listo” (estou pronto em espanhol). O problema é que não há registro de soldados espanhóis terem se juntado ao exercito nazifascista no norte do continente africano, mas apenas na incursão contra a União Soviética no leste europeu.

Outro erro cometido pela Rebellion foi a quase omissão do real propósito nazista ao invadir a África: controlar o Canal de Suez para assim ter acesso direto aos principais países extratores de petróleo no Oriente Médio. Consequentemente, isso iria atrapalhar e muito a vida dos Aliados, pois, para conseguirem petróleo, ao invés de navegar pelo Mar Mediterrâneo, atravessar o Canal de Suez, cruzar o Mar Vermelho para então sair no Oceano Índico e ter acesso ao Oriente Médio, eles teriam de contornar o continente africano inteiro, tendo que passar inclusive pelo temido Cabo das Tormentas, para ainda assim praticamente dobrar a distância a ser percorrida. Cito isso porque, caso a Alemanha tivesse vencido a batalha no norte da África, o rumo da Segunda Guerra poderia ter sido totalmente oposto ao sucedido, e provavelmente hoje estaríamos todos falando alemão. O jogo até cita em um dado momento a real intenção dos nazis, porém, o plano de construção do Ratte logo se torna seu principal objetivo.

Se no quesito história o jogo peca (e muito), o mesmo não acontece com o gameplay. Os ambientes gigantescos e muito bem construídos possibilitam que os objetivos sejam concluídos de várias formas, através de vários caminhos. Usando o binóculo, você pode marcar os inimigos, podendo rastreá-los mais facilmente, facilitando uma aproximação stealth. Ou quem sabe, você pode subir em uma torre para usar a sua sniper, protegendo sua entrada com explosivos. Ou ainda, você pode bancar o Rambo, atirando em tudo que aparecer pela frente – lembrando sempre que objetos vermelhos explodem (como os jogos fazem questão de sempre nos lembrar, não é mesmo?).

Porém, caso a sua tática de guerra se resuma ao bom e velho “spray and pray”, o jogo apresenta um sistema interessante que poderá se tornar um empecilho em sua jornada rumo à glória. Caso algum inimigo desconfie de sua presença, ele ficará em alerta. Caso sua presença se confirme, ele ficará a postos, lembrando-se da exata posição em que você foi visto. Dessa forma, só lhe resta correr. Ao se afastar do ponto onde você foi visto pelo inimigo, eles voltarão ao estado de alerta, e caso não o achem, passam a ignorar sua presença. O sistema é interessante, porém, a (falta de) inteligência artificial acaba tornando o jogo tedioso em alguns momentos. Você pode repetir o processo de esconde-esconde várias e várias vezes, inclusive deixando cadáveres totalmente expostos sem que sejam notados na grande maioria das vezes.

Outro sistema bastante interessante (e um pouco forçado, é verdade) é o de encobrir o som do disparo da sua arma com o de algum som ambiente: um canhão antiaéreo nas proximidades, um avião dando um rasante ou até mesmo um gerador com defeito. Esperando o momento certo, aparecerá um ícone no topo da tela indicando que, caso você atire nesse exato momento, os inimigos não irão ouvir os disparos por conta do ruído ambiente. Sabendo utilizar esse sistema é possível passar a fase inteira sem sequer ser percebido.

A apresentação do jogo não chega a ser de cair o queixo, porém, o jogo tem sim bons gráficos. Os ambientes e paisagens são muito bem feitos. E apesar da cor predominante no jogo ser o “vermelho deserto”, a vegetação e os prédios contrastam muito bem com todo o resto, gerando uma harmonia visual, principalmente levando em consideração que o jogo roda a 1080p e 60 quadros por segundo. Assim como em Sniper Elite V2, a câmera de Raio-X está de volta. A cada tiro certeiro dado com sua sniper, a câmera lenta e a visão de Raio-X são automaticamente ativadas. O problema é que esse sistema é usado a esmo, tornando-se um pouco (só um pouco) enjoativo depois de certo tempo. Pelo menos há a opção de cortar a câmera lenta, ou até mesmo configurar o jogo para que ela nem mesmo seja ativada.

Como já foi mencionado, um dos modos multiplayer é o cooperativo, mas há também challenges, em que você enfrenta ondas de inimigos (comum a outros jogos do gênero). O multiplayer competitivo tem alguns modos até interessantes, como um onde ganha a equipe que obtiver a maior soma das distâncias dos tiros certeiros. Ou seja, mais vale matar apenas um inimigo a 200 metros do que 10 inimigos cara a cara. Porém, levando em conta que nenhum modo multiplayer seja realmente viciante, considerando que há poucas pessoas jogando, e ainda o fato do sistema de busca por partidas ser extremamente mal executado, o multiplayer aqui é totalmente esquecível.
 

Veredito

Sniper Elite 3 comete vários pecados: erros históricos, enredo raso, personagens apáticos, multiplayer desnecessário. Porém, a parte central do jogo no que se refere a diversão é praticamente impecável: bons gráficos, belos cenários, mapas amplos possibilitando várias formas de aproximação que acabam incentivando o fator replay e, é claro, a visão em Raio-X, que utilizada em doses homeopáticas garante bons momentos de gore.

Jogo analisado com cópia digital adquirida pelo redator.

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