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[PSN] Grim Fandango Remastered

Um gênero que tem sido cada vez mais apagado da lista de lançamentos anuais é o Adventure. O termo foi englobado em "Action and adventure", uma nomenclatura utilizada em uma escala tão ampla que o significado original dos jogos de aventura acabou perdido pelo tempo. Jogos como Grim Fandango, Day of the Tentacle, Secret of Monkey Island e a fórmula clássica de Resident Evil, por exemplo. Até a Telltale, responsável por alguns dos poucos adventures relativamente reconhecidos nas últimas gerações, passou a largar o aspecto fundamental de jogabilidade de um Back to the Future ou da primeira temporada de The Walking Dead para a narrativa mais ao padrão visual novel de The Wolf Among Us e a segunda temporada do sucesso pós- apocalíptico.

Ainda existem algumas desenvolvedoras se arriscando no gênero. A Amanita, por exemplo, nos presenteou com os fantásticos Machinarium e Botanicula, e controvérsias à parte, também há Paper Mario: Sticker Star, da Nintendo. Mas ao falar de jogos de aventura, um time sempre vem à cabeça: Double Fine – responsáveis por The Cave, de 2013, e destinatários de uma das maiores quantias no kick-starter em Broken Age, a ser completado em breve. Mas não é por esses jogos recentes que muitos lembram dos trabalhos de Tim Schafer, e sim pela considerada obra-prima do desenvolvedor, ainda em tempo de LucasArts, Grim Fandango.


Grim Fandango Remastered é, pra melhor ou pior, basicamente o mesmo aclamado jogo de 1998. Você é Manny Calavera, um trabalhador no mundo dos mortos cuja tarefa é vender pacotes de viagem para os recém-partidos ao além-vida. A temática voltada ao famoso feriado mexicano Día de Los Muertos é uma refrescante ambientação que mesmo hoje ainda não tem muita representação.

O jogo conta a história de uma conspirações entre os oficiais de alto escalão dessa organização de vendas, levando Manny a vender traslados ruins para benfeitores e culminando no inesperado herói a encontrar um desses injustiçados e desvendar o mistério por trás dos roubos. A viagem toda leva 4 anos no tempo de Manny, e por volta de 10 horas no dos jogadores.


O tempo, porém, é bem mais versátil aqui do que em outros gêneros, já que jogos de aventura dessa época não facilitavam em nada o progresso e Grim Fandango Remastered não foi nada modernizado. O processo de resolver os quebra-cabeças muitas vezes termina em o jogador tentar todos os itens em todos os lugares, já que as soluções podem acabar sendo completamente abstratas. As soluções, porém, muitas vezes não são o maior problema. Por contar com cenários pré-renderizados – que mal foram tocados na versão remasterizada, para evitar perda da estética empregada anos atrás -, encontrar alguns itens e locais é o maior dos problemas. Alguns desafios exigem certos itens que também podem ser irreconhecíveis no cenário disposto, mesmo que o jogador saiba o que está procurando.

Este é o maior problema de Grim Fandango Remastered, aliás: a falta de modernização. Jogos como Machinarium conseguiram empregar soluções elegantes para tirar o jogador de situações em que o progresso está estagnado sem tornar o jogo fácil no processo, e Grim Fandango não mede esforços para deixar a experiência cada vez mais frustrante. Veteranos podem lembrar de uma ou outra solução e ainda aproveitar a jornada pela excelente narrativa e personagens, mas as mecânicas principais do gênero carecem de melhorias que, talvez para manter o produto mais próximo do original possível, inexistem aqui.


Não se pode dizer, entretanto, que o jogo é o mesmo de 17 anos atrás – houve sim melhorias. De longe, a melhor delas é a presença de um controle em 360 graus, liberando Manny dos travados controles-tanque, ainda disponíveis para puristas. O upgrade visual não é muito significativo por se tratar de cenários pré-renderizados, mas pelo menos elimina vários serrilhados dos modelos de personagens e, assim como os controles-tanque, estão disponíveis para os que preferem a experiência original. A última mudança é a opção de se jogar com comentários dos desenvolvedores, ativada pelo menu de opções.
 

Veredito

Grim Fandango Remastered envelheceu bem em muitos lados, mas não em todos. A história é fantástica, os personagens, bem construídos, a dublagem, surpreendentemente além do seu tempo, a trilha sonora, sensacional, o tema, divertidíssimo, e mesmo que bem fora da caixa e possivelmente frustrantes, os quebra-cabeças acabam colocando um sorriso no rosto ao serem resolvidos. Alguns bugs e glitches ainda existem e se guiar por algumas áreas é uma dor de cabeça, mas Grim Fandango Remastered é definitivamente a melhor versão de um jogo que é difícil de se obter nos dias de hoje, e que com certeza merece ser conferido por mais pessoas.


Jogo analisado com cópia digital fornecida pela Double Fine.

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Veredito

85

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