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Ni No Kuni: Wrath of the White Witch

Se há um gênero que carece de um suspiro de vida, são os J-RPG. A indústria como um todo clama por revoluções, com suas criticadas overdoses de first-person shooters e lançamentos anuais de franquias há muito saturadas. Mas os RPG orientais vinham sido taxados como clones até não muito atrás, com suas histórias-clichê repetidas, paradigmas na backstory dos personagens, que se assemelhavam até mesmo no vestuário. Com sistemas de batalhas repetidos e o momentum de criatividade catatônico, a quantidade de lançamentos de qualidade do gênero se rarefez. Xenoblade Chronicles e The Last Story, lançados no Wii, provaram que ainda há espaço para desenvolvimento e Ni No Kuni: Wrath of the White Witch, é outro exemplo de como revitalizá-lo.
 


Parte da culpa pode ser atribuída ao Studio Ghibli, parceiros da Level-5 na criação da jornada de Oliver. As lindas e vívidas paisagens e animações refletem um mundo diferente, no ritmo que filmes como A Viagem de Chihiro ou O Castelo Animado proporcionam – uma narrativa rica que contorna as baixas que a história venha a deixar. O clichê existe e nos é apresentado antes mesmo da tela de novo jogo – "o garoto que vai salvar o mundo". Seria forçado dizer que pára aí, mas as futuras recorrências não parecem outra cópia de Final Fantasy.

O protagonista é um caso a parte. Oliver é diferente dos padrões, sendo um avatar inocente e ingênuo, porém sem ser estúpido. Acima de tudo, um personagem bom. A bondade de Oliver influencia todos ao seu redor, e parece quebrar a quarta parede, pois sem tardar muito, você também estará torcendo pelo sucesso da jornada. Multifacetada, esta inicia com Oliver chorando em luto a morte da mãe e dando vida a Drippy, um boneco de pelúcia que se revela uma fada de outro mundo. Paralelos, salvar a outra versão da mãe de Oliver potencialmente salva a original. Mas nem tudo é fácil. O mundo de Drippy está em apuros, sob a mão de ferro de Shadar, um dos vilões, e salvar uma pessoa acaba sendo o mesmo que salvar o mundo inteiro. E Oliver tem de estar apto para isso.
 


Ao invés de procurar o que deu errado com o gênero e seguir em frente, a Level-5 faz o contrário. Olha para trás. E aí, vê o que deu certo originalmente. Estão todos lá: mapa-múndi grande, repleto de segredos, com mini-cidades-ícone que servem de portal; navios e transportes aéreos; equipamentos, magia e até pseudo-invocações. Mas é o sistema de batalha que se destaca. Um híbrido de muito experimentado no gênero, possui características da série da Nintendo, Pokémon, com seus mais de 200 familiars e Tales Of, com áreas abertas e livre manipulação no combate. Nada mais da ilusão de Final Fantasy XIII. Você tem pleno controle de Oliver e mais 2 companheiros e 3 familiars de cada, totalizando 12, na arena de combate.

Apesar do que parece, não é confuso. E o jogo faz um belo trabalho introduzindo cada elemento, sem necessitar sacrificar dezenas de horas em tutoriais ou exigir a leituras de parede de texto. Gradativamente somos introduzidos a magias, tricks, stamina, ataques especiais e mais. É um sistema fluido e gratificante. Desafiador, porém sem frustrar. E principalmente, divertido. Instiga o jogador a experimentar. Será que devo concentrar todo o ataque no inimigo de uma vez na esperança de bloquear o ataque dele? Ou é mais seguro esperar a investida na defesa? Talvez seja mais interessante correr ao redor da arena e desviar, atacando por trás? São perguntas frequentes durante as batalhas, principalmente nas lutas contra chefes.
 


O lado Pokémon não é difícil enxergar. Boa parte das batalhas são fundamentadas nos familiars, que são versões convertidas de outrora inimigos. Lute o suficiente e prompts de captura aparecerão, e Esther, sua parceira, poderá domá-los. A partir daí, você pode nomeá-los, alimentá-los para aumentar afinidade e status, equipá-los, mudar seus ataques (tricks) e até evoluí-los, duas vezes, com duas formas finais distintas. Existem centenas de familiars, contando com as evoluções, e mais ainda por DLCs. Estas dão uma variada nos times, e duas equipes dificilmente serão iguais.

Há um balanceamento do combate com exploração, e Ni No Kuni adiciona magias à rotina. Oliver é portador do Wizards Companion, um livro de magias (incompleto), repleto de fórmulas mágicas que o mesmo pode utilizar, dentro e fora de batalhas. "Bridge" constrói pontes, "Spirit Medium" permite conversar com fantasmas e "Nature's Tongue" com animais, por exemplo. São diversas magias adquiridas durante a jornada, e bem implementadas pra quebrar o ritmo das batalhas. O único porém é uma falta maior de liberdade. Em uma parte do jogo, por exemplo, há uma ponte quebrada. Mas você não pode utilizar "Bridge" para construir outra, ou "Levitate" para atravessar flutuando. A única solução é "Rejuvenate", e isso é recorrente no jogo. Os puzzles, embora nunca complexos, não permitem mais de uma solução, embora várias vezes seu rol de opções sugira outras.
 


Outra quebra de ritmo são as side-quests. Opcionais porém integradas no contexto do jogo, boa parte tem como objetivo restaurar os corações quebrados por Shadar. Pedaços de coração perdidos são tema recorrente na história, e partes como entusiasmo, coragem ou bondade podem estar ausente de uma pessoa, tornando-a desestimulada, covarde e rabugenta, respectivamente. A solução? Procurar indíviduos com overdose destes e usar feitiços pra restaurar o deficiente. Cada mini-história é gratificante, e recuperar o coração dos desafortunados é uma recompensa maior do que os itens que você recebe. Juntamente com os itens, carimbos em um cartão chamado "Merit Awards" são dados ao terminar as missões secundárias. Complete vários cartões e você ganha direito a um bônus, que varia desde correr mais rápido, bônus de HP e MP e maior facilidade de capturar familiars, por exemplo. Incentivos não faltam pra desviar o jogador da jornada principal.

E estes desvios valem a pena, já que significam mais tempo no mundo de Ni No Kuni. Mais tempo explorando o lindo mundo criado e encontrando locais cuja beleza passaria despercebida ao acelerar a campanha principal. Pequenos detalhes como esse enriquecem a experiência. Tanta dedicação foi colocada no estilo artístico do jogo, e uma fidelidade surreal em recriar as raras cutscenes do Studio Ghibli em gráficos in-game. A trilha sonora também é incrível, com todas as músicas orquestradas e repleta de temas memoráveis.
 


Ni No Kuni é uma viagem mais do que agradável. É o melhor RPG do sistema, repleto de conteúdo durante a jornada e após esta. É muito difícil não se apaixonar pelo mundo e personagens repletos de personalidade do jogo, e a localização soberba só ajuda a gostar mais das figuras únicas criadas. Drippy, fiel companheiro de Oliver, por sinal, é um dos melhores personagens do ano. Uma pena que a dublagem, embora de qualidade na maior parte do tempo, não exista em todas as partes da campanha. Muitas janelas de texto aparecerão sem uma voz para pronunciá-las. Pormenores. Amantes do gênero relembrarão porque gostaram tanto deste em primeiro lugar com esta nova visita, com vários toques de novidade. Aos que não estão familiarizados, não há entrada melhor no PS3 que Ni No Kuni.



— Resumo —

+ Gráficos e estilo de arte lindos
+ Trilha sonora
+ Conteúdo
+ Localização
+ Sistema de batalha
+ Drippy

Magias fora da batalha são limitadas
Muitas cenas importantes pra história não tem voice acting

Winz.io

Veredito

95

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