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Alien: Isolation

O gênero terror/survival horror passa por um bom momento na indústria dos jogos. 2014 está chegando ao fim e pode-se afirmar que a oferta de títulos deste gênero foi generosa este ano, apesar de que nem todos são dignos da atenção do público.

Mais do que um presente para os fãs de terror, Alien Isolation é um produto desenvolvido especialmente para os apreciadores da franquia. Para apreciar plenamente o jogo, é fundamental que o jogador conheça ao menos o primeiro filme Alien (O Oitavo Passageiro), de 1979. Reconhecer as diversas referências ao universo do primeiro filme enriquecem a experiência em Isolation e tornam o jogo muito mais convidativo.

No início do jogo é possível perceber diversas referências ao filme de 1979. A apresentação da vinheta da 20th Century Fox é exatamente a mesma do primeiro Alien, acompanhada de uma simulação de imagem em baixa resolução, granulada – com filtros que remetem à qualidade de vídeo da época. O jogo abraça essa estética retrô, seja no fator de apresentação e menus, seja em implementações no gameplay.

A fonte pixelizada, o filtro de imagem granulada no gameplay, os glitches de vídeo e até mesmo a implementação do referencial tecnológico para a época (como os computadores com algo similar ao sistema operacional DOS) enriquecem o design do game. Mas não se pode confundir essa escolha artística como um projeto visual primitivo. Os gráficos do jogo são belíssimos, facilmente o melhor aspecto do jogo.

O visual in-game é fantástico e reproduz com fidelidade as naves, construções e elementos de ficção da obra de Ridley Scott. Em outros casos, como a importantíssima figura do alien, o jogo oferece uma versão muito mais convincente e assustadora em relação aos primeiros filmes – obviamente limitado pela computação gráfica da época. O organismo alien está extremamente detalhado em Isolation, com um render e animações que dão veracidade à criatura, contribuindo para aumentar o potencial imersivo do game.

Efeitos de ponta para a fumaça e iluminação, além das ótimas texturas (mesmo em ambientes escuros), colaboram ainda mais para engrandecer a inserção do jogador no ambiente hostil e caótico de Isolation. Para os momentos de gameplay, não há queixas quanto ao visual. Quanto à performance, o jogo roda à 1080p no PS4 e a taxa de quadros por segundo (fps) raramente cai pouco abaixo dos 30. Contudo, esse mesmo desempenho não acontece nas cutscenes do jogo.

As cutscenes em Alien Isolation representam o único ponto baixo dos gráficos. Além de estranhamente funcionarem a uma taxa de quadros baixíssima, as animações e articulações faciais das personagens são muito pobres e artificiais. O efeito de mapping usado nos rostos das personagens também é um pouco bizarro – predominando aquela aparência de que os rostos estão sempre com gotas de suor (refletindo a iluminação do ambiente), mesmo em momentos de “tranquilidade”. No entanto, as cutscenes são raras após os momentos iniciais do game e não devem atrapalhar a imersão do jogador com suas animações faciais limitadas.

A perspectiva em primeira pessoa ajuda a esconder o defeito mencionado anteriormente, se tornando um problema mínimo. A dublagem também contribui para esquecer as fracas cutscenes – são ótimas. A dublagem de Andrea Deck, para a protagonista Amanda Ripley, é fiel e convincente com o que vivenciamos em Sevastopol (principal ambientação de Isolation). Os gritos, os discursos de raiva ou os sussurros de desespero da personagem Amanda não poderiam ser melhores. A dublagem para o português do Brasil é fraca e há falta de sincronismo labial em algumas cenas, portanto, não é recomendada.

Quanto aos aspectos audiovisuais, não há muito que se queixar em Isolation. O grande problema é no interativo, que nem sempre proporciona bons momentos de gameplay. A repetitividade é outro agravante que perdura pela longa campanha do jogo.

A campanha de Alien Isolation é centrada na personagem Amanda Ripley e sua busca por respostas do paradeiro de sua mãe, Ellen Ripley – do primeiro filme da série. Ao receber o convite para embarcar na estação espacial Sevastopol, que teria resgatado a caixa preta da Nostromo (nave em que Ellen estava), Amanda aceita e logo se depara com uma situação similar a que Ellen vivenciou no primeiro filme. Diante de uma estação em ruínas e com uma figura misteriosa assassinando os tripulantes de Sevastopol, Amanda precisa sobreviver, além de buscar informações sobre sua mãe. Sobreviver em Isolation pode ser uma tarefa árdua e vai envolver muita paciência do usuário, visto que a impotência é uma das palavras chaves que definem a experiência no jogo.

O jogo recomenda a dificuldade “hard” como ideal para melhor apreciar a campanha, mas esta pode ser uma decisão que renderá muita frustração aos jogadores impacientes e sem muito tempo para dedicar ao game. Priorizar a furtividade/stealth não é uma opção, e sim uma obrigação na maioria dos casos, principalmente na primeira metade do jogo, quando Amanda não possui equipamentos aptos a combater determinados inimigos.

Humanos e andróides (Synthetics) são mais fáceis de serem contornados, mas lidar com o alien é outro nível de dificuldade. O monstro é um autêntico predador que lhe caçará impiedosamente. Em ocasiões em que o alien aparece voluntariamente no mapa, sem interferência do jogador ou de outros humanos, o jogo se torna um simulador de pique-esconde. Amanda precisa avançar com cautela, sem usar utensílios que causam barulho e tomar outros cuidados. Se o jogador for visto, a probabilidade de morte é muito alta – o alien lhe mata com apenas um golpe e é extremamente veloz.

O grande problema do stealth do game são os sentidos apuradíssimos do alien. Se jogar no hard colabora para fomentar a atmosfera opressora que a série e um survival horror exigem, também contribui para impedir a exploração do mapa e frustrar o jogador com uma tolerância baixíssima para erros. Jogar no easy, causa o efeito inverso, com um alien bobo e inofensivo, quebrando muito da atmosfera do jogo. No normal, a diferença pro hard não é tão grande.

Nos momentos em que o alien aparece, o jogador é privado de explorar as localidades com calma. Até mesmo abrir uma porta com senha ou acessar um computador para ler arquivos da história se tornam atos extremamente arriscados, pois o alien pode lhe matar em questão de poucos segundos. O detector de movimentos que o jogo oferece nem sempre é útil para superar os desafios impostos – seu barulho acaba mais atrapalhando do que ajuda, se tornando um convite para que o jogador se torne uma presa fácil.

Em capítulos mais avançados, o jogador tem acesso a novas armas e gadgets, mas que só servem para espantar o alien por um breve momento. Em aproximadamente 15 segundos ele volta e ameaça você a carregar seu último checkpoint. Felizmente, os pontos para salvar o jogo são bem espalhados em Isolation, evitando que o usuário repita várias sessões iguais.

Apesar da exploração comprometida pela constante ameaça do alien, existe muito conteúdo disponível. São arquivos de texto, áudio, itens para “craft” e upgrades para gadgets/armas. Pela estrutura de mapa “aberto” do jogo, como um first person adventure similar a Metroid Prime e Bioshock, o jogador pode voltar a localidades antigas após pegar um upgrade e acessar novos quartos ou áreas antes restritas. Isto recompensa o jogador com os itens descritos acima e colabora para aumentar o tempo de jogo.

A duração de Isolation é outro ponto negativo. O jogo se arrasta com missões que parecem ter sido feitas para aumentar a longevidade do jogo, sem pensar na variedade do gameplay ou no desenvolvimento da história. São “fillers”: passagens que pouco acrescentam à narrativa e que favorecem os momentos de repetição. São 15 horas para terminar a campanha principal (e muito mais do que isso para explorar tudo), que poderiam ser transformadas em 10, não fossem os vai-e-voltas, além das reviravoltas repentinas contra a progressão de Amanda. O final do jogo e a última passagem de gameplay também deixam um pouco a desejar.

O jogo também oferece outros modos, mas que herdam os mesmos defeitos da campanha, sendo a repetitividade o maior deles. O modo survivor consiste em missões específicas dentro de uma determinada área do jogo e há também um DLC que permite o jogador controlar Ellen Ripley e vivenciar sua história na Nostromo.
 

Veredito

Embora repleto de pequenos incômodos e defeitos, inclusive alguns bugs, Alien Isolation é um projeto forjado com apreço para os fãs da série. Impacientes com o gênero stealth devem pensar duas vezes antes de experimentar o game, dado que Isolation requer cuidados extremos na progressão e muita paciência. Está longe de ser um jogo ruim ou razoável, mas não é indicado para todo tipo de público. Sua imensa qualidade audiovisual e a aproximação fiel ao filme de origem da franquia renovam a reputação da Sega depois do fiasco que foi Colonial Marines. Agora é possível crer em um futuro promissor para a série nos videogames.


 

Jogo analisado com código fornecido pela Sega.


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Veredito

75

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