Uncharted 4: A Thief's End

Jogue. Poderíamos resumir a análise com esta frase e encerrá-la agora mesmo. Mas Uncharted 4: A Thief's End precisa ser descrito e analisado para quem não conhece a série ou ainda está em dúvida em relação à sua qualidade.

A Naughty Dog é uma desenvolvedora sem igual e Uncharted 4 é mais um clássico em seu catálogo.

Primeiramente, para aproveitar a história, é preciso jogar (ou ver o resumo) dos três anteriores (caso precise fazer isso, veja os vídeos em nosso canal no YouTube). Não é algo completamente necessário, porém, pois a introdução de Sam, o irmão de Nathan Drake, deixa Uncharted 4 com um ar de ser completamente novo. É um pouco forçado Nate nunca ter mencionado seu passado até então, mas a Naughty Dog conseguiu construir algo convincente.

A história gira em torno da busca dos irmãos Drake (e, claro, alguns vilões mercenários) pelo tesouro do pirata Henry Avery. Como é de se esperar, é tudo incrivelmente envolvente e cinematográfico: você vai descobrir por qual razão Nathan quer ir atrás desse tesouro, a história por trás dos irmãos Drake, como anda o relacionamento de Nathan com Elena e muito mais. Tudo isso passando por várias regiões do globo (e todas incrivelmente belas).

Regiões belas é pouco. Uncharted 4 possui facilmente um dos gráficos mais belos vistos no PlayStation 4. Possivelmente os melhores do console. As vistas, os modelos dos personagens, sua movimentação, os detalhes dos cenários – tudo, absolutamente tudo, é de deixar de boca aberta.

Porém, de nada adianta ter gráficos se o restante não empolga. E Uncharted 4 consegue se destacar em todo o resto também. A jogabilidade do combate continua similar aos anteriores, com uma pequena diferença na mira que acabou ficando mais realista e um pouco mais difícil de masterizá-la. E há outras novidades que deixam o jogo mais dinâmico: entre elas está a corda. Nathan agora pode usar uma corda para se pendurar em galhos de árvores e outros objetos e, além de escalar, se balançar e alcançar regiões anteriormente inacessíveis. É uma mecânica interessante e uma adição válida.

A jogabilidade fora do combate continua bastante similar ao que vimos nos outros Uncharted. Aliás, o jogo passa uma sensação de que há muito mais momentos de escaladas do que qualquer outro título da série, o que pode ser bom ou ruim, dependendo do seu ponto de vista. Fora as escaladas, há momentos que veículos são controlados (como jipes e barcos) e, claro, os puzzles.

Uncharted 4 continua linear, mas é um linear diferente, com um ar de mundo aberto. Explico: você ainda precisa ir do ponto A para o ponto B, mas a região é gigantesca (há limites no cenário, é claro) e faz você se sentir um pouco perdido em alguns casos. É outra adição totalmente bem-vinda: Uncharted, principalmente o primeiro, é muito linear e essas regiões mais amplas vistas no PS4 enganam um pouco o jogador.

Em outras palavras, Uncharted 4 continua sendo um Uncharted, mas com algumas novidades adicionadas à fórmula da série, além da evolução natural como os gráficos. Não espere uma revolução na franquia: é apenas a Naughty Dog pegando o que já era excelente e mantendo a qualidade, com adições sensatas.

A campanha possui níveis de dificuldade variados, colecionáveis (tesouros, itens do diário), alguns destraváveis, uma história envolvente, gráficos incríveis e uma variedade na medida certa. O único problema é um pouco de exagero nas escaladas: se você prefere mais combates do que escaladas, sentirá que isso está um pouco desbalanceado.

Resumindo, a campanha de Uncharted 4 é sensacional. Além disso, é relativamente longa (durando cerca de 10 a 15h na primeira vez, dependendo do seu estilo de jogo). É muito difícil achar um ponto negativo nela, exceto, talvez, o excesso de escalada e menos combate quando comparamos com os outros jogos, como dito anteriormente. Ou se você não achar estranho o irmão de Drake surgir apenas agora, também. Ou ainda, a dublagem, que poderia ser melhor. Mas se achá-la ruim, é possível deixar o áudio em inglês e usar a legenda em português, sem problemas.

O calcanhar de Aquiles de Uncharted 4 é o seu multiplayer. Desde o segundo título da série, esse modo só evoluiu cada vez mais, com modos competitivos viciantes e introduzindo praticamente uma campanha extra em seu cooperativo em Uncharted 3. Para quem gostava do multi, sem dúvida estaria com muita expectativa em Uncharted 4. E é aqui que vem um pouco de decepção.

Primeiro vamos entender o que é oferecido. Há ainda compra de armas e itens com dinheiro in-game e os modos competitivos (que serão descritos mais adiante). A grande novidade na mecânica de jogo são os itens místicos, como o El Dorado que pode matar todos os oponentes ao seu redor ou a pedra Cintamani que cura os jogadores. Também temos personagens suporte controlados pela CPU com diferentes classes e que causam diferentes efeitos na partida, como médico ou matar inimigos de diferentes formas. Pessoalmente, tais adições não foram muito interessantes, mas sem dúvida deixam as partidas com mais opções quando comparamos com os antecessores.

Em relação aos modos de jogo, temos o Team Deathmatch (5×5 que buscam 40 pontos de eliminação), Command (5×5 lutam pelo controle de três áreas), Plunder (4×4 devem levar o artefato ao baú) e Ranked Deathmatch (mesma coisa que o Team, porém são partidas rankeadas).

E é basicamente isso. Não há modos como o Elimination e principalmente não há modo cooperativo, o que faz uma grande falta para quem o aproveitou no passado. Ou seja, o conteúdo é bem menor que os outros jogos da série.

No entanto, é injusto não mencionar que a Naughty Dog planeja oferecer um suporte ao jogo a longo prazo, com novos modos, mapas, skins e muito mais. Ou seja, o pacote ainda está cru, mas com o tempo ficará melhor. Resta, portanto, torcer para que o que você sente falta retorne ou que o conteúdo que está vindo seja interessante.

Jogo analisado com cópia física adquirida pelo redator.