SSX

SSX foi uma das grandes franquias da EA na geração passada, mas o sucesso aparentemente teve prazo de validade. Desde 2007 um jogo novo da série não era lançado, o que fez muitos acreditarem que a EA a havia enterrado de vez. Para a nossa sorte isso não aconteceu. Exatamente 5 anos e 1 dia depois do lançamento do último jogo (Blur, para o Wii), SSX foi lançado para o PS3 e, apesar de algumas falhas, é um ótimo jogo, à altura de seus antecessores e que merece a sua atenção.

O jogo tem uma história para justificar a sua existência, mas ela serve apenas de pano de fundo para a jogatina. Resumidamente, o Time SSX quer mostrar suas habilidades conquistando as 9 montanhas mais altas do mundo, e devem fazê-lo o mais rápido possível, já que um antigo companheiro do time, Griff, tem o mesmo objetivo e pretende derrotar você. Ao longo do jogo vários personagens são recrutados, e cada um deles é apresentado em uma história em quadrinhos até interessante, mas que não faz muito sentido e é difícil de acompanhar, pois os quadros mudam rápido demais. Cada personagem tem algumas poucas falas no jogo, e uma falha estranha reside no fato de não haver legendas em nenhuma parte do jogo. Aqueles com dificuldades em entender inglês ficarão perdidos nesse ponto.

O que importa mesmo aqui é a jogabilidade, e felizmente ela é impecável, na maior parte do tempo. Há alguns esquemas de controle disponíveis, mas o principal controla o personagem com o analógico esquerdo enquanto o analógico direito realiza as manobras. O esquema lembra a série skate, também da EA, e permite dezenas de combinações para as manobras, que ainda podem ser modificadas com R2. Contudo, eu achei esse uso um pouco caótico: em skate, você está calmamente andando por uma rua e tem tempo para preparar as manobras; aqui você está descendo uma montanha a 100 kh/h enquanto desvia de abismos, pedras e construções, então as coisas podem ficar meio desesperadas, mas nada que atrapalhe muito a diversão.

A personalização do jogo é extensa, permitindo que você escolha a roupa e a prancha que quer utilizar em cada corrida. Você inicialmente possui um exemplar de cada item, mas pode a qualquer momento comprar outros usando os créditos que adquire após cada partida. As roupas mudam apenas de cor, enquanto as pranchas possuem características variáveis, como velocidade e habilidade de fazer pontos, permitindo que você adquira e utilize aquela que estiver precisando em determinado momento. Porém, caso você passe o jogo inteiro sem comprar nada, você não será prejudicado.

O terceiro item disponível para uso é o equipamento especial, que varia a cada região do globo onde você joga. Em uma região cheia de árvores e pedras pelo caminho, é essencial você equipar a armadura para durar mais tempo vivo na corrida. Em uma montanha cheia de abismos e saltos, a “roupa de esquilo” (uma roupa com asas retráteis embaixo dos braços) permite que você não caia para a morte. Caso queira descer do topo do Monte Everest, um tanque de oxigênio faz a diferença entre chegar ou não ao final. Cada região possui um item especial para ser usado, o que é um toque legal e que traz uma variedade maior ao jogo. Assim como as pranchas, esses itens também vem em diversas versões com status diferentes, que podem ser adquiridas quando necessário.

O jogo possui 9 regiões ao redor do globo, cada uma com diversas montanhas e estas por sua vez geralmente possuem mais de um ponto de descida. As regiões incluem o Alaska, as Montanhas Rochosas nos Estados Unidos, as montanhas da Patagônia, da Sibéria, do Himalaia, dentre outras. Cada uma é bem caracterizada, tanto no estilo das montanhas quanto nas construções e itens encontrados pelos cenários. Todas as montanhas são muito divertidas de correr (com uma ressalva para algumas em que a câmera é invertida, fazendo você ver o personagem de frente, e você apanha muito para se adaptar aos controles) e possuem caminhos variados a serem explorados.

As descidas das montanhas podem ser de três tipos: corrida tradicional, em que o vencedor é aquele que chega primeiro à base da montanha; busca da maior pontuação, em que você deve fazer mais pontos que seus oponentes antes de chegar ao fim; e corridas de sobrevivência, nas 9 montanhas principais do jogo, em que você deve apenas chegar vivo ao final. Meu tipo favorito é das corridas de pontuação, já que muitas vezes nas corridas tradicionais os oponentes jogam quase perfeitamente, não dando chance para você.

Falando em oponentes, se você gosta de jogar com seus amigos, local ou remotamente, eu tenho uma péssima notícia para você: SSX não possui nenhum modo multiplayer. Você sempre estará jogando sozinho aqui. A única faceta online aqui existente é a RiderNet, a versão de SSX para o Autolog da Criterion (de Need for Speed: Hot Pursuit): todas as suas descidas, pontuações e tudo mais são registradas em leaderboards online para que seus amigos possam superar os seus recordes, e você os deles. É legal e funciona bem, mas esse tipo de jogo sem multiplayer não faz sentido, o que nos faz pensar porque jogos como Dead Space 2 e outros recebem multiplayer mas SSX não.

Além de competir com seus amigos, o jogo oferece eventos globais, que são objetivos específicos a serem completados nas diversas descidas do jogo. Geralmente você deve pagar para entrar neles, utilizando os créditos adquiridos ao longo do jogo, e dependendo do seu desempenho, você ficará bem ou mal posicionado no ranking do evento. Ao final do período do evento, você receberá créditos proporcionais à sua classificação. É uma boa maneira de manter o jogo vivo, e até de compensar a falta de multiplayer.

SSX é um bom jogo, muito divertido, com uma ótima sensação de velocidade durante as descidas e com uma boa vida útil, caso você participe dos eventos globais e queira melhorar os recordes de seus amigos. A falta de multiplayer é grande, e os gráficos não irão ganhar nenhum prêmio por aí. Não são ruins, mas são muito simples, parecendo um jogo do começo desta geração. Contudo, quando você está descendo a uma velocidade inacreditável de uma montanha, com uma avalanche atrás de você, enquanto faz manobras radicais, essas falhas são apenas um floco de neve na imensidão da montanha.

 


— Resumo —

+ Divertido
+ Muitas fases com caminhos alternativos
+ Ótima sensação de velocidade durante o jogo
+ RiderNet
+ Eventos globais


Falta de multiplayer (local ou online)
Meio caótico às vezes
Gráficos simples (não ruins, mas muito básicos)

Veredito

85

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