Há dois anos, a Spearhead Games apresentou Stories: The Path Of Destinies, um título que mesclava elementos de RPG, exploração e hack’n slash e inovava na forma de como seu enredo era contado, proporcionando uma experiência que, apesar de divertida em seu início, tornava-se cansativa com o tempo. Agora, em 2018, a desenvolvedora traz Omensight, que funciona como sucessor espiritual do game anterior, incorporando todas as suas ideias enquanto tenta refiná-las. Mas será que conseguiram superar todos os problemas encontrados em seu primeiro jogo e fazer uma experiência ainda melhor?
A trama de Omensight é bastante complexa e se passa na terra de Urralia, habitada por seres antropomórficos, onde existem os reinos de Pygaria e Rodentia, que estão em constante conflito por questões políticas e religiosas. No exato dia em que o vencedor desta guerra seria definido surge Augúrio, uma entidade sobrenatural que é invocada sempre que o mundo está próximo de seu fim. Seu dever é investigar o assassinato de uma sacerdotisa que, de alguma forma, desencadeou o despertar de Voden, uma serpente mística que engolirá o planeta ao final deste dia.
Ao longo de cinco capítulos, o jogador regressará no tempo diversas vezes, repetindo o dia do apocalipse, enquanto combate diversos inimigos e busca por pistas que expliquem os acontecimentos que levaram à morte da sacerdotisa. Cada vez que o dia se repete, o jogador tem o direito de escolher dentre quatro personagens suspeitos do crime, para investigação. O jogador os acompanha, observando suas ações durante os períodos da manhã, tarde e noite, aprendendo mais sobre suas convicções, amizades, medos e ambições. Conforme chega-se ao fim do dia, uma tela é mostrada com as informações coletadas sobre cada um e o progresso da investigação.
A parte interessante desse sistema é que, ao encontrar certos tipos de informação chave, chamadas de Omensights, pode-se utilizá-las contra um dos suspeitos, desencadeando assim uma nova reação e levando-o à desviar de seu caminho habitual na história, o que leva o jogador a alcançar novos locais que guardam mais pistas sobre o assassinato. Entretanto, com o passar do tempo essa mecânica acaba se tornando o calcanhar de Aquiles do jogo, já que somos obrigados a repetir as mesmas áreas dezenas de vezes para tomar novas decisões que revelem mais sobre a trama. Isso não seria um problema se houvesse uma boa gama de cenários, mas, infelizmente, este não é o caso: existem apenas quatro regiões e passamos por pelo menos três delas durante a história de cada um dos suspeitos, com variações mínimas nos grupos de inimigos e chefes enfrentados. Devido a isso, o jogo se torna demasiadamente repetitivo, tanto em exploração quanto em combate, sendo movido apenas por sua narrativa, que dura cerca de 7 horas.
Os personagens são carismáticos e muito bem desenvolvidos, sendo impossível não simpatizar com pelo menos um deles. Todos possuem vozes com atuações excepcionais, com exceção de Augúrio, que é mudo, e temos um destaque especial para a voz da narradora da história, que possui uma semelhança forte com a voz de Linda Hunt, dubladora de Gaia em God of War 2.
O combate é um misto de God of War e dos jogos da série Arkham: aqui, pode-se combinar ataques fracos e fortes de diversas formas com os botões quadrado e triângulo, para criar combos belíssimos enquanto o jogador enfrenta múltiplos inimigos. Uma exclamação aparece sob suas cabeças, caso tenham a intenção de atacar o personagem, oferecendo uma boa oportunidade ao jogador para tomar alguma atitude defensiva, como desviar ou nocautear aquele inimigo com alguma magia. Nosso companheiro também pode atacar os inimigos, e cada um possui uma skill bastante útil em batalha, que pode ser ativada ao pressionar R2.
Existem diversas habilidades que podem ser desbloqueadas e melhoradas conforme o personagem sobe de nível, permitindo a execução de diversas estratégias e tornando os confrontos mais dinâmicos e divertidos. Imagine a seguinte situação: você tem a possibilidade de parar o tempo e, ao fazê-lo, todos os inimigos e projéteis ficam estáticos. Você pode, então, arremessar inimigos contra os ataques de outros, destruir pilares (que só cairão após o término da habilidade) e puxar inimigos em sua direção, dentre outras coisas, formando assim um efeito em cadeia que, se bem executado, pode lhe render uma vitória na batalha.
Há uma boa gama de inimigos presentes no jogo e cada um requer uma abordagem diferente para que seja vencido. O interessante aqui é que alguns deles podem vir a se tornar nossos aliados, com base no companheiro que resolvemos seguir em um determinado dia. Dessa forma, o jogo incorpora muito bem o antigo ditado “o amigo de hoje é o inimigo de amanhã”. As batalhas contra chefes, por sua vez, carecem de desafio, o que acaba sendo bastante decepcionante, salvo o confronto contra o boss final.
Foi utilizada a técnica de cell-shading para desenvolver os gráficos do jogo, o que contribuiu positivamente na construção de seu universo e personagens fantasiosos, oferecendo um ar cartunesco que constrasta de forma interessante com a seriedade da trama. Seus efeitos de iluminação e partículas são excepcionais e deixam certos jogos de grandes empresas para trás, com a riqueza visual que acabam produzindo.
Entretanto, se comparado com o jogo anterior, o visual de Omensight deixa a desejar, uma vez que este tem diversos ambientes pequenos, com cores muito escuras que, somado à grande quantidade de sombras, ajuda a ocultar áreas inacabadas ou certos defeitos nas texturas do ambiente. Seu antecessor, por sua vez, toma o caminho oposto, com locais abertos e bastante coloridos que, no geral, aparentam ser bem mais trabalhados e resultam em um produto final mais agradável aos olhos.
A parte técnica do jogo, assim como em Stories: The Path Of Destinies, também não foi totalmente otimizada e constantemente o jogo sofre com queda de quadros e pequenas “travadas” quando se avança de uma área para outra. Isso pode ser visto também quando existem vários inimigos aparecendo na tela. A caixa de colisão de certos locais também não foi bem programada e o jogador pode acabar atravessando objetos e certos locais do cenário (podendo morrer no processo).
Veredito
Omensight ironicamente repetiu os mesmos erros de seu antecessor e apresenta um gameplay muito repetitivo e problemas sérios em sua performance. Apesar disso, o jogo ainda consegue ser bastante agradável graças a seu enredo, personagens e sistema de batalha. Se você gostou de Stories: The Path Of Destinies ou é fã de boas narrativas, certamente irá aproveitar o novo título da Spearhead Games.
Jogo analisado com código fornecido pela Spearhead Games.
Veredito
Veredict
Omensight ironically repeated the same mistakes of its predecessor and presents a very repetitive gameplay and serious problems in its performance. Despite this, the game still manages to be quite enjoyable thanks to its plot, characters and battle system. If you liked Stories: The Path of Destinies or if you are a fan of good stories, you will surely enjoy the new title of Spearhead Games.