Eliosi's Hunt

Atenção que tem jogo brasileiro na área. Eliosi’s Hunt é o título de estreia da TDZ Games, estúdio independente brasileiro fundado em 2015 pelos irmãos Tiago e Daniel Zaidan. Buscando inspirações em clássicos como Crash Bandicoot e Metal Slug, o jogo combina tiro de visão isométrica com etapas de plataforma, criando uma mistura divertida, cheia de ação e muito, mas muito difícil.

Já que mencionei, comecemos comentando sobre a dificuldade. Eliosi’s Hunt é desafiador. O design de suas fases utiliza mecânicas de plataforma que exigem bastante precisão no pulo e pensamento rápido para agir. Fora isso, os inimigos, em sua maioria, aguentam alguns tiros antes de morrer e partem pra cima, não poupando o jogador. Essa combinação resulta em várias mortes, tanto ao ser alvejado por inimigos, quanto ao errar o timing durante um salto ou ao desviar de obstáculos.

A dificuldade é algo que realmente desponta no game, o que pode criar uma divisão nos jogadores. Em muitos momentos, tive vontade de jogar o controle na parede, tamanha frustração em algumas partes. Por outro lado, urrava de satisfação quando conseguia superar uma seção até então impossível. Desse modo, fica o aviso: se você gosta de jogos difíceis e desafiadores, Eliosi’s Hunt é a sua praia. Se não for o seu caso, tenha em mente que este é um título que testará sua paciência, mas que lhe recompensará igualmente ao superar cada desafio.

No jogo, você controla Eliosi. Ele é um jovem Zeliciano, raça alienígena um tanto frágil e de pequeno porte, que sonha em se tornar um caçador de recompensas e obter toda a glória que acompanha tal titulação. Para isso, ele embarca em uma jornada por diferentes regiões à procura de monstros e entidades que figuram as listas dos mais procurados – daí o título do jogo, que em tradução livre significa “A caçada de Eliosi”. É uma história simples, que serve apenas de contexto para cada uma das fases da campanha, não se desenvolvendo mais do que isso.

Eliosi’s Hunt possui apenas cinco fases, cada uma marcada por um chefão final, que representa a caça do contrato. As fases possuem ambientação própria e bem diferenciada, com cenários, inimigos e perigos únicos. O level design delas também é distinto, explorando diferentes mecânicas como desviar de lasers, evitar armadilhas, correr por espaços íngremes e quebradiços, etc. As lutas contra os chefões possuem suas peculiaridades e procuram se inspirar nas mecânicas encontradas pela fase. Elas, no entanto, não apresentam um alto grau de desafio, à exceção de uma, que mistura tiro e pulo por plataformas móveis e quebradiças, e que provavelmente irá fazer muito jogador arrancar os cabelos de raiva.

Embora com apenas cinco fases, a campanha tem uma duração que varia bastante, dependendo da habilidade do jogador e de uma mecânica associada aos checkpoints que influencia significativamente na duração de uma fase (darei mais detalhes à frente). No meu caso, jogando sem pressa, explorando razoavelmente cada região e morrendo bastante no processo, demorei pouco mais de cinco horas para finalizar todas as fases. Isso, no entanto, é apenas o começo.

Há um bom conteúdo extra que fornece uma sobrevida a Eliosi’s Hunt. Cada fase traz colecionáveis, vários muito bem escondidos, além de passagens secretas e seções que ficam acessíveis dependendo de um item ou habilidade específica. Há também um desafio de terminar cada fase abaixo de um determinado tempo, só que o tempo estabelecido em cada uma é bem absurdo de se ultrapassar como, por exemplo, dois minutos. O jogo oferece até um cronômetro para auxiliar. Tudo isso dá a cada fase um bom grau de replay.

Os colecionáveis têm uma função além de liberar alguns troféus. Um tipo específico de colecionável é utilizado para desbloquear novas habilidades para Eliosi. Há uma árvore de habilidades para o personagem que é bem variada, trazendo melhorias ofensivas, com mais poder ou precisão nos tiros ou até utilização de granadas, melhorias para as mecânicas de plataforma, bem como de suporte no uso de itens e vida.

A mecânica de desbloqueio das habilidades, no entanto, é meio travada, não oferecendo muita liberdade de personalização. Explico: as habilidades estão separadas por categorias, cada uma contendo algumas melhorias que, por sua vez, estão distribuídas em três camadas. É necessário gastar um número específico de pontos para habilitar as camadas mais altas. Desse modo, o jogador acaba tendo que distribuir seus pontos em quase todas as categorias para conseguir alcançar as melhorias das camadas superiores.

Os comandos básicos do jogo não trazem muitos segredos. Por ser de visão isométrica, a movimentação do personagem é controlada pelo analógico esquerdo, enquanto que com o direito controla-se a direção do tiro, ação que é realizada pressionando R2. O L2 possibilita executar um dash, ou seja, um movimento rápido para uma direção, ideal para sair de algum aperto, enquanto o pulo é feito ao pressionar X.

Vale mencionar que atirar e pular são ações que trazem uma resposta diferente do usual. O tiro dá uma sensação de leve imprecisão, enquanto o pulo é muito sensível à pressão aplicada no botão e na direção do movimento (sendo essa uma das causas dos momentos de plataforma mais frustrantes). Ambos, no entanto, parecem ter sido implementados dessa forma de maneira proposital, podendo ser melhorados via árvore de habilidades.

Há ainda uma última mecânica de gameplay, que considero ser a mais criativa e inteligente do jogo, que envolve a utilização dos checkpoints, aqueles locais em que o jogo é salvo e para onde o personagem volta caso morra. Cada fase possui um bom número deles, estrategicamente colocados em regiões que oferecem mais perigos, seja pelos inimigos, seja pelas plataformas e armadilhas do ambiente.

Ao chegar a um checkpoint, é dada ao jogador a opção de “sacrificá-lo”, recebendo em troca um incremento na velocidade de Eliosi. E acredite, essa não é uma decisão fácil. Um aumento na velocidade por vezes é ideal para se passar por momentos de combate mais intenso ou melhorar seu tempo, enquanto um checkpoint é a garantia de você não ter que passar novamente por uma etapa de plataforma difícil ou matar de novo aquela horda chata de inimigos. Não foram raras as vezes em que acabei por reiniciar a fase devido a uma decisão ruim. Essa é uma mecânica muito inteligente e sacana, e os desenvolvedores estão de parabéns por ela.

Eliosi’s Hunt foi desenvolvido na Unreal Engine 4, o que garantiu ao jogos bons gráficos e efeitos de iluminação e partículas bem bonitos. A modelagem dos personagens e inimigos também foi muito bem feita, com cada um apresentando um toque de bizarrice extraterrestre. A desenvolvedora incluiu até algumas cutscenes entre uma fase e outra, contando inclusive com auxílio tecnológico da FUMEC (uma Universidade em BH) que possibilitou a inclusão de captura de movimento ao jogo, tornando a movimentação do personagem mais fluida e natural.

O trabalho como um todo foi muito bem feito, apesar de possuir algumas limitações, como, por exemplo, a ausência de falas (nem mesmo balões de texto), que poderiam dar mais profundidade à história e empatia com seus personagens. Sua pior falha talvez seja possuir poucas fases, o que deve ser encarado como algo positivo, pois significa que eu queria mais. No entanto, pelo preço de 15 reais, é um pacote justo, trazendo um bom retorno de diversão e alto desafio. Vale a pena a aquisição e o incentivo para que a desenvolvedora invista em uma futura sequência mais completa.

Veredito

Eliosi’s Hunt é o jogo de estreia da desenvolvedora brasileira TDZ Games. Inspirado em jogos como Crash Bandicoot e Metal Slug, o título mistura ação e plataforma em fases altamente difíceis, que irão testar as habilidades do jogador e serão recompensadoras quando superadas. A mecânica de decisão nos checkpoints, em que o jogador escolhe entre salvar seu progresso ou ganhar um bônus na velocidade, é uma característica inteligente e astuta, sendo bem explorada nas fases ao colocá-los em locais críticos. A campanha tende a ser curta, dependendo da habilidade do jogador, mas tem um bom grau de replay com colecionáveis e desafios, sendo um pacote justo ante o pequeno preço cobrado. É um título que vale a pena por sua diversão e no incentivo à desenvolvedora para futuros jogos.

Jogo analisado com código fornecido pela TDZ Games.


 

Veredito

78

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Veredict

Eliosi’s Hunt is the debut title of TDZ Games. Inspired by games such as Crash Bandicoot and Metal Slug, it mixes action and platforming in extremely challenging stages that will put the player’s skills to the limit, being a rewarding experience. There’s an interesting mechanic at checkpoints, in which players have to choose between saving their progress or receive a bonus on speed. It is a clever and tricky feature, with checkpoints placed on critical locations. The campaign tends to be short, but collectibles and other challenges give it a good replay value. It is a fair package given its small price and the good amount of challenge and fun provided.


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