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Análise – Phantom Doctrine

Para os fãs de jogos de estratégia, a revitalização da franquia XCOM na geração passada foi uma das melhores coisas que poderiam acontecer. Phantom Doctrine, o novo jogo desenvolvido pela CreativeForge Games e publicado pela Good Shepherd Entertainment, tenta capturar a essência do que faz um jogo de estratégia ser tão prazeroso, transportá-lo para uma nova ambientação e trazer novos sistemas para torná-lo único e ainda mais complexo.

No lugar de uma invasão alienígena e um ambiente de alta tecnologia, Phantom Doctrine coloca o jogador no comando de uma célula de espionagem afiliada com a KGB ou com a CIA, tentando desvendar segredos capazes de pender a balança da Guerra Fria para o seu lado em um mundo paralelo em que o conflito se prolongou e as tecnologias continuaram a evoluir. O jogo conta com duas campanhas principais, uma do ponto de vista do governos comunistas do Leste Europeu e outra do lado dos governos capitalistas da Europa Ocidental/América, além de uma terceira, desbloqueada após concluir uma das duas (e que traz um novo ponto de vista por trás da suposta dualidade tradicionalmente vista em obras de ficção sobre esse período da história). Se isso não fosse o bastante, há também um modo estendido da campanha, que conta com mais detalhes a história do jogo e se aprofunda mais nas razões por trás dos acontecimentos.

Seja desvendando segredos nucleares no Paquistão, assassinando ou interrogando espiões em busca de informações sobre as suas operações, ou coletando informações sobre a conspiração envolvendo peças chaves da agência rival e que podem estar por trás de cada acontecimento, o plot do jogo está constantemente evoluindo e novas informações vão surgindo com cada ação do jogador. A ambientação e o clima típico dos melhores thrillers de espionagem foi bem transposto para o jogo, com pequenos detalhes ajudando a manter a sensação de mistério e perigo sempre presentes.

Algo que separa Phantom Doctrine das comparações é o seu foco maior em stealth e na atenção aos detalhes, tanto fora quanto dentro das missões. O jogo aplica um sistema de mapa-múndi similar ao que se vê em XCOM, sendo possível enviar diversos agentes afiliados à agência para várias cidades, investigar indícios, descobrir informações, desvendar a identidade de agentes inimigos e destravar novas ações que podem ser adotadas. É necessário ter o máximo de cuidado tanto no que os agentes fazem quanto no que o inimigo está fazendo, já que o menor dos vacilos pode colocar toda a operação a perder, inclusive com game over caso a localização do QG seja descoberto.

No Quartel General da agência de espionagem que o jogador escolhe é possível, além de comandar as operações dos agentes, enviá-los para a enfermaria após missões mais perigosas, criar e equipar novos itens neles, ensinar novas habilidades à medida que eles ganham pontos de experiência e destravar determinados perks que ajudam a customizar os agentes e dão mais possibilidades de tornar cada agente único. É possível construir novas instalações, que dão acesso a melhorias genéticas, à possibilidade de criar novas identidades para os agentes e uma série de outras capacidades para facilitar a vida do jogador. Tudo é bastante intuitivo e de fácil acesso, fazendo com que administrar cada mínimo detalhe se torne algo prazeroso.

Outro ponto de ênfase do stealth é nas missões principais. Nela, o jogador controla um grupo de agentes atuando em campo, podendo usar disfarces e outros subterfúgios para se infiltrar em diversos locais para cumprir os vários objetivos, que vão de coletar informações a ativar agentes adormecidos ou matar determinados alvos. Agir sem cuidado pode acabar entregando a identidade dos agentes e fazendo com que eles se tornem conhecidos das outras agências, chamem mais atenção, podendo ser alvos de ataques em campo ou causando sérios problemas nas missões, principalmente pelo jogo contar com morte permanente dos agentes (algo que é fundamental para fazer com que o clima desses jogos funcionem, e aqui não é diferente).

Essas missões de campo ocorrem como se esperaria em um jogo de estratégia. Os agentes se movimentam em um grid e agem cada um em seu turno, com os personagens do jogador agindo todos primeiro e depois os inimigos, de forma muito semelhante a XCOM, ShadowRun Returns ou RPGs Táticos japoneses como Disgaea. Como boa parte do combate se dá com armas de fogo, o jogo utiliza o sistema de cobertura completa e meia-cobertura de outros jogos, mas com um pequeno twist: não há probabilidade de acerto.

Se o inimigo está dentro da área de alcance de uma das armas (os personagens costumam ter uma arma automática e uma pistola, além de granadas e outros explosivos), algum dano será feito, com a cobertura influenciando apenas a quantidade de dano causado. Pode parecer pequena, mas é suficiente para mudar completamente a forma como se aborda o combate e a movimentação no jogo e ajudam a torná-lo mais tenso. Isso, além do fato de precisar proteger a identidade dos agentes, torna necessário pensar com bastante cuidado antes de entrar em combate ou invadir os locais protegidos, já que todos os inimigos se tornam conscientes da sua presença ao menor vacilo. Felizmente, é possível desativar câmeras de segurança e atacar discretamente os inimigos para evitar chamar atenção (seja derrubando-os ou usando armas com silenciadores).

Dando mais profundidade ao jogo, dentro dessas missões existem documentos e itens que podem ser coletados e que destravam mais segredos ou dão ao jogador itens para equipar nos agentes. Quase sempre, esses objetos estão em locais bem guardados e que precisam de bastante cuidado para serem acessados sem chamar atenção desnecessária, já que ser notado imediatamente coloca o jogador em fase de combate.

Essa quantidade enorme de sistemas acaba sendo um pouco demais em determinados pontos. Existe um tutorial, mas ele é basicamente inútil e informações fundamentais são passadas por prompts mal posicionados, que facilmente são ignorados pelo jogador. Considerando que há sempre muito o que fazer, diversas opções de como abordar cada situação e várias coisas para controlar e monitorar, isso pode acabar sendo uma barreira muito grande, principalmente para um jogador novato, mesmo com a inclusão de um modo de dificuldade.

No geral, Phantom Doctrine é um jogo surpreendentemente bom. Não há nada de muito especial visualmente – apesar da simplicidade e efetividade serem priorizadas em vários momentos para dar uma experiência melhor ao jogador, alguns loadings são bastante demorados e as animações dos personagens são esquisitas (por mais que o jogo não trave, nem nada do tipo). A inclusão de um modo multiplayer é desnecessário, principalmente por ser só sobre o combate. Isso é compensado pelos ótimos sistemas de jogo e pela história que, mesmo sendo boa, acaba não realizando todo o seu potencial, tropeçando na própria ambição em vários momentos.

O jogo possui um altíssimo índice de rejogabilidade, tanto pelas várias permutações que a experiência base possui como pela dificuldade mais alta entregar um desafio enorme mesmo para os mais calejados. O maior problema talvez seja alguns aumentos de dificuldade vertiginosos em certas missões da história, o que exige um pouco de grind, algo que não combina muito com o jogo em si. Ainda assim, é uma aquisição muito recomendada para os fãs do gênero e desse tipo de ambientação.

Veredito

Dada sua ambientação, a alta complexidade dos seus sistemas e a qualidade com que eles são implantados, Phantom Doctrine é um ótimo jogo. Mesmo diante dos pequenos problemas da narrativa, do grind excessivo e carregamentos lentos demais, o jogo lhe absorve e desafia na medida certa.

Jogo analisado com cópia digital fornecido pela Good Shepherd Games.

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80

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Given its setting, the high complexity of its systems and the quality in which they are implemented, Phantom Doctrine is a great game. Even with some minor issues in the narrative, the excessive grind and very slow loadings, the game absorbs and challenges you in the right amount.


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