Análise – Erica

A recente onda, ou ressurgimento, de jogos FMV ficou cada vez mais notável. Títulos interativos e com atores reais chegaram ao PlayStation 4 em grande número nos últimos 2 anos. Jogos como The Shapeshifting Detective ou The Infectious Madness of Doctor Dekker trouxeram recentemente boas experiências para aqueles que gostam do gênero. Erica é a aposta da própria Sony para cativar os jogadores interessados em jogos assim.

Vale lembrar aqui que, além de videogames, o tipo de mídia interativa foi expandida em outros meios de entretenimento. Como exemplo, já tivemos a série de Minecraft na Netflix e também o filme interativo Black Mirror Bandersnatch, na mesma plataforma de videos ondemand. Erica se assemelha mais ao longa da Netflix com uma mistura de point-and-click, saudoso estilo de jogo com grande sucesso na década de 90.

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Na história, a protagonista Erica se vê assombrada por lembranças do seu passado e do assassinato do pai. Segredos da sua vida e de seu pai vem a tona quando uma caixa surpresa é encontrada em sua porta. O “presente” então inicia uma jornada da protagonista para desvendar os segredos de seu passado, da sua família e da instituição fundada pelo pai que a abriga após os eventos iniciais.

Simplificando, Erica é um filme onde o jogador toma decisões e dita o caminho e final que irá encontrar. As decisões são tomadas à medida que eventos ocorrem na trama, como decidir entrar em um local ou seguir uma ordem e ficar onde está. Cada escolha tem uma consequência e leva Erica para jornadas diferentes.

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A trama é cheia de mistérios e reviravoltas, seguindo o estilo de um thriller investigativo. O foco da narrativa é em promover os vários segredos que se juntam no final, de certa forma, deixando de lado o desenvolvimento de personagens. Mesmo que soe estranho, aqui talvez mora o grande trunfo do jogo.

Terminar Erica uma vez pode, e provavelmente vai, mostrar pouco do que realmente acontece com a protagonista e a casa Delphi, local principal do jogo. A trama funciona como uma colcha de retalhos, onde os vários segredos vão sendo colhidos a cada jogada, com caminhos e escolhas diferentes sendo obrigatórios para compreender cada detalhe.

Com uma duração semelhante à de um filme convencional, entre 1 hora e meia e 2 horas dependendo das escolhas feitas, Erica é uma experiência que precisa ser vivenciada mais de 2 ou 3 vezes obrigatoriamente. O próprio jogo avisa que é impossível entender ou colher todos os detalhes terminando apenas uma vez.

Mesmo que essa obrigatoriedade para o entendimento completo possa soar excessiva, ver os vários caminhos e o desenrolar das escolhas é bastante satisfatório e não chega a ser uma experiência cansativa. Parte ruim disso é que, mesmo tendo vários pontos de vista, nenhum outro personagem soa interessante além da protagonista. A atuação de alguns atores inclusivas é básica e sem muita expressão, mesmo a boa atriz Holly Earl fica presa em alguns estereótipos para criar a personagem principal.

Ainda que exista alguns deslizes aqui ou ali com a trama e nenhum personagem ou ator se sobressaia, os segredos e suas revelações conseguem prender bem o jogador durante algumas jogadas. Em suma, é um Thriller interessante e que vale a pena ser conferido pela sua história.

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Pontuando a jogabilidade, Erica pode ser experimentado através do touchpad do DualShock 4 ou pelo aplicativo para Smartphone. Fica aqui o alerta: desconsidere de toda forma usar o controle e foque apenas em jogar pelo celular. Jogar pelo controle é desconfortável e impreciso, enquanto a experiência é totalmente contrária pelo aplicativo. Tempo de resposta é excelente no celular e em momento algum se transforma em algo frustrante.

Quanto ao fato do jogo lembrar o estilo point-and-click, muito disso é através das escolhas que precisam ser tomadas. Como exemplo, em uma sala há vários objetos em que a personagem pode interagir. Todos eles são mostrados ao mesmo tempo e, ao escolher um deles, pode abrir um leque de opções mais próximo ainda ao objeto escolhido. Não é uma função que ocorre frequentemente, mas está disponível em vários momentos do jogo.

Uma pena que o jogo desperdiça interações do jogador com coisas básicas. É comum girar chaves, abrir cortinas e empurrar portas frequentemente, mas isso é apenas algo trivial que só está disponível para dar uma interação simples no jogo. 

Algo que é nítido ao jogador é o trabalho de imagem, filmagem e animação do título. A qualidade da película é surpreendente, com ambientes bem apresentados e detalhados. Nas interações, a movimentação dos objetos flui de maneira fantástica, sendo impressionante ver uma caixa abrir ou uma chave girar sabendo que aquilo foi filmado e animado quadro a quadro.

Um grande ponto positivo para nós brasileiros é a total localização do título em nosso idioma. Logicamente que ainda não é uma dublagem de excelente qualidade ou um trabalho impecável, mas devido ao tempo de resposta para as escolhas, pode aproveitar o jogo em nosso idioma é de grande valia.

Difícil dizer que Erica é um bom jogo, sendo que a percepção maior é de que seja um filme interativo que poderia sair na Netflix ao lado de Bandersnatch. Como jogo, falta algo ainda para se destacar, mas como experiência interativa, funciona muito bem e vale a pena ser conferido.

Jogo analisado no PS4 Pro com código fornecido pela Sony Interactive Entertainment.

Veredito

Erica pode ter alguns problemas com sua trama e a falta de desenvolvimento de vários personagens, mas entrega uma experiência interativa bastante satisfatória e recheada de segredos. O fator replay é alto aqui, já que só teremos todos os mistérios resolvidos após várias horas de interação.

78

Erica

Fabricante: Flavourworks

Plataforma: ps4

Gênero: FMV

Distribuidora: Sony Interactive Entertainment

Lançamento: 19/08/2019

Dublado:

Legendado:

Troféus:

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Veredict

Erica might have some problems with the plot and lack of character development, but it delivers a very satisfying, secret-filled interactive experience. The replay factor is high, as we will only have all mysteries solved after several hours of interaction.